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Maioria dos focos de incêndio começou em áreas privadas

Maioria dos focos de incêndio começou em áreas privadas95% do fogo começa pela ação humana. Foto: Divulgação/CBMMS

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Dados de monitoramentos por satélite revelam que a maioria dos incêndios no Pantanal teve início em propriedades privadas, com pouquíssimos casos relacionados a causas naturais como raios. Segundo especialistas, a ação humana é o principal responsável pelas queimadas, que podem resultar em uma das maiores crises já vivenciadas pelo bioma. As informações são da Folha de S. Paulo. 

De acordo com o programa BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), considerando dados até esta terça-feira, 25/6, quase 95% dos 3.372 focos de incêndio no primeiro semestre de 2024  estão localizados em áreas privadas. Apenas 189 deles foram registrados em terras indígenas (TIs) e unidades de conservação (UCs), estaduais ou federais.

Ainda conforme o monitoramento do Lasa, o laboratório de satélites ambientais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), menos de 1% de todos os focos de calor detectados pelos satélites da federal tiveram raios como origem. Segundo o monitoramento, somente os meses de janeiro, fevereiro e abril tiveram algum incêndio iniciado em razão de causas naturais. Os outros 99% foram por ação humana.

“Incêndios demandam acúmulo de material combustível seco, condições de tempo apropriadas para propagação e um fator de ignição. Na situação atual no pantanal, a baixa proporção de fatores naturais de ignição, como raios, aponta para a origem humana dos incêndios”, disse Mercedes Bustamante, especialista em queimadas da UnB (Universidade de Brasília).

Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, atualmente, a queima controlada, técnica utilizada para reduzir material inflamável, está proibida em todas as áreas, inclusive propriedades privadas. A prática, quando realizada de forma adequada por órgãos ambientais ou comunidades tradicionais em áreas protegidas (UCs e TIs), não gera grandes incêndios e, inclusive, contribui para preveni-los.

Já o o governo federal autorizou a queima controlada de mais de 16 mil hectares dentro das áreas de preservação no primeiro semestre deste ano. Porém, desde o agravamento dos incêndios, essas ações estão proibidas. O Ministério da Justiça, inclusive, apura quantos dos incêndios registrados no pantanal em 2024 são ilegais e criminosos.

O Pantanal enfrenta um cenário de destruição ainda mais grave do que em 2020, quando o bioma registrou seu maior incêndio histórico. As queimadas já superam os níveis daquele ano, com a crise se intensificando. Em resposta, as Forças Armadas enviaram seis helicópteros, dois aviões e 500 combatentes para auxiliar no combate ao fogo, além de criarem duas bases de apoio. Ainda há avaliação para envio de mais equipamentos.