Por André Garcia
Os focos de calor caíram 47,5% na Amazônia e 35,1% no Cerrado em agosto de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e correspondem a 17.373 e 6.850 registros em cada bioma, respectivamente.
Na Floresta Amazônica, este foi o terceiro menor valor da última década, perdendo somente para agosto de 2013, quando foram registrados 9,4 mil focos, e 2018, com 10,4 mil focos no período. Nos quatro anos anteriores (2019 a 2022), o número de focos em agosto no bioma amazônico chegou a cerca de 30 mil.
Já no Cerrado, o dado diz respeito ao segundo menor valor de toda a série histórica do Inpe, iniciada em 1998. A quantidade de queimadas em agosto de 2023 só perdeu para 2009, quando foram registrados 6.492 focos. Ela também é 50% menor do que a média para o mês (13.898 focos).
Proporcionalmente, a Amazônia responde por 49,3% da área atingida, enquanto o Cerrado, por 35,3%.
No Pantanal, que concentra apenas 0,6% das queimadas no Brasil, o número de focos caiu de 242 para 32 entre agosto de 2022 e agosto de 2023, o que significa uma redução de 86,7%.
As porcentagens trazem certo alívio, já que contrariam uma tendência de crescimento comum nesta época do ano por conta da seca. O alerta, entretanto, deve ser mantido, uma vez que a estiagem pode se estender pelos próximos meses por conta do El Niño, agravando o cenário.
Ranking
Considerando o período de janeiro de 2023 até agora, o Inpe aponta que Mato Grosso é o segundo colocado no ranking dos que mais queimaram no Brasil (10.524 focos), atrás do Pará (10.780 focos) e à frente do Amazonas (8.702 focos).
Contudo, o estado reduziu em 57,5% o número de focos de calor entre julho e agosto de 2023, os dois primeiros meses do Período Proibitivo de Uso Regular do Fogo. Neste ano, foram 4.079 focos de calor, enquanto em 2022 foram 9.618 focos no mesmo período.
Efeito dominó
Como já mostrado pelo Gigante 163, o combo El Niño + queimadas pode, além de ocasionar prejuízos ambientais e à agricultura, ser fatal para a saúde.
Para além de problemas respiratórios como alergias, asma e pneumonia, ampliados pelo calor intenso, pela seca e pela fumaça, especialistas já apontam que as temperaturas mais altas também resultarão em aumento de casos de câncer de pele.
Recentemente, ao apresentar dados sobre as emissões de CO2 na Amazônia, a pesquisadora do Inpe Luciana Gatti explicou como as condições de degradação ameaçam as plantas nativas e podem resultar na desertificação do bioma.
“As espécies são substituídas por outras que não jogam tanto vapor na atmosfera para fazer chuva e resfriar a temperatura. É essa dinâmica que faz do nosso país tão produtivo na agricultura. Então, estamos afetando a condição básica de toda nossa economia.”
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