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Rede produtora de orgânicos aumenta lucro e economiza em insumos

Rede produtora de orgânicos aumenta lucro e economiza em insumosFoto: Rodrigo Vargas

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Por André Garcia

Os produtos orgânicos apresentam valor agregado até 30% maior que os convencionais. De olho nisso, agricultores da região noroeste de Mato Grosso vêm apostando na agroecologia para aumentar a lucratividade sobre café, leite, cacau e hortifrutigranjeiros.

A conversão para o sistema agroecológico, baseado na saúde e proteção do solo sem uso de agroquímicos, também representa redução nos custos do investimento, segundo informou ao Gigante 163 o coordenador de negócios sociais do Instituto Centro de Vida (ICV), Eduardo Darvin.

“Os insumos são caros. Então, se antes o produtor ganhava R$ 1.000, pelo menos R$ 600 ficavam na loja, com defensivo, adubo etc. Agora, esse dinheiro fica no bolso dele.”

Ele está à frente do projeto Redes Socioprodutivas desde 2018, que abrange seis municípios: Alta Floresta, Paranaíta, Cotriguaçu, Colniza, Nova Monte Verde e Nova Bandeirantes. Ali estão distribuídas 20 organizações da pequenos agricultores, dos quais 13 grupos já concluíram ou estão em fase de transição do modelo tradicional para a agroecologia.

A mudança, que garante a origem orgânica dos produtos, inclui averiguação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Por lei existe um período de 12 a 18 meses estabelecidos pelo Ministério, mas este processo também depende da qualidade do solo, do quanto ele já foi explorado e degradado. Não temos nenhum agricultor que esteja arrependido de ter mudado esses métodos.”

Somadas, as associações que participam do projeto totalizam 600 famílias que, além da agricultura, atuam com o extrativismo da castanha de babaçu. Seguindo a lógica da lucratividade aliada à sustentabilidade, elas também são capacitadas sobre gestão, produção, comercialização e beneficiamento por meio de cursos sobre métodos regenerativos, agroindústria, precificação e melhoria de acordos, por exemplo.

Certificação

A ação do Redes também mira em iniciativas públicas, como a aquisição de produtos da agricultura familiar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Outra maneira de fortalecer a cadeia de produtores é regularizar a produção orgânica, motivo pelo qual eles têm focado na certificação do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg), órgão administrado pelo Mapa para identificar e controlar a produção de alimentos orgânicos, certificando a sua origem e processo produtivo.

“Hoje só existe uma certificação do tipo em Mato Grosso, na região do Xingu. Seríamos a primeira associação não indígena a obter o selo. A expectativa é que até o final do ano o processo esteja concluído”, diz Eduardo.

“Ao certificar os produtos, a ideia é que colocá-los na rota da produção local, em uma cadeia bem estruturada, na qual há melhoria na qualidade de vida e de saúde e ao mesmo tempo lucratividade para o agricultor”, acrescenta.

O projeto

Pela iniciativa do projeto Redes Socioprodutivas, o ICV apoia as associações na coordenação e logística pela inserção dos produtos da agricultura familiar na cadeia de alimentos dos municípios da região. O projeto é financiado pelo Fundo Amazônia.

“Estamos em uma região um pouco isolada, então um dos principais gargalos é a logística entre os produtores e o mercado. O objetivo é suprir essa lacuna.”

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