Por Vinicius Marques
Iniciado em 2018, o projeto Redes Socioprodutivas vem, por meio da regeneração natural assistida (RNA), recuperando áreas florestais e dando suporte a famílias de extrativistas locais que comercializam produtos da floresta. Até o momento, o projeto — do Instituto Centro de Vida (ICV) — já restaurou cerca de 104,1 hectares e tem como meta regenerar mais 100 hectares até o final de 2022.
A RNA consiste em aliar técnicas de manejo ao desenvolvimento natural da vegetação. Esse modelo de regeneração é o mais barato, exigindo apenas maior intervenção e monitoramento nos primeiros dois anos.
No Redes Socioprodutivas, a restauração foi feita por meio do cercamento de áreas de pastagens, manejo de gado (permitindo, assim, o crescimento da floresta secundária) e enriquecimento do solo com espécies nativas. Segundo Eduardo Darvin, coordenador do programa de Negócios Sociais do ICV, o sucesso da RNA está muito atrelado ao interesse e disposição do produtor, que será responsável por acompanhar todo o processo.
“A partir da demanda do produtor, nós realizamos um mapeamento por satélite da área, levantando dados físicos e legais da propriedade,” afirmou Darvin, em entrevista ao Gigante 163. “Em um segundo momento, fazemos a visita em campo, para que possamos dimensionar a quantidade de sementes e insumos necessários, além das cercas para o isolamento da área. Finalizamos com uma capacitação e implementação do projeto.”
A partir da floresta restaurada, o Redes Socioprodutivas consegue apoiar as cadeias locais da castanha (Bertholletia excelsa), do babaçu (Attalea speciosa), dos hortifrutigranjeiros, do leite, do cacau (Theobroma cacao) e do café (Coffea sp.).
Além disso, por meio de recursos do Fundo Amazônia do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), os produtores têm acesso a linhas de crédito voltadas a essas finalidades. O projeto está localizado nos municípios de Alta Floresta, Paranaíta, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes, Cotriguaçu e Colniza.
Por que o método de Regeneração Natural Assistida é mais barato?
A abordagem de RNA é mais barata que outros métodos de recuperação (como de plantio direto de mudas) por conta do papel fundamental que a própria natureza ocupa. Assim, o trabalho feito pelo produtor, a depender de cada demanda, é o de apoiar e facilitar o desenvolvimento natural das espécies nativas, com técnicas como: instalação de cercas, enriquecimento com espécies nativas, manutenção de indivíduos regenerantes, controle de espécies invasoras e/ou exóticas, manejo de gado, controle de formigas e proteção contra fogo.
Segundo estimativas do WRI Global, o processo de RNA pode ser feito por menos de um terço do custo do plantio de árvores, de acordo com as necessidades de cada projeto. No Brasil, restaurar 21,6 milhões de hectares com RNA poderia reduzir o custo da recuperação da vegetação nativa em 77% comparado com plantio de árvores.
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