HomeEcologiaPecuária

Restauração de área degradada em MT melhora qualidade de bezerros

Restauração de área degradada em MT melhora qualidade de bezerrosHoje o Produção Sustentável de Bezerros atende 305 fazendas do MT. Foto: Acrimat

Sombra e água fresca: integração entre pasto e floresta protege rebanho e aumenta produtividade
Produtor que trabalha com manejo reprodutivo pode antecipar vacinação contra aftosa
Expectativa é de vacinar 33 milhões de animais contra febre aftosa em Mato Grosso

Por André Garcia

Ao identificar áreas de preservação permanente (APPs) degradadas em propriedades rurais, uma consultoria ambiental levanta os dados do local e inicia o processo de recuperação. Na maioria dos casos, aplica a técnica de vedação e o banco de sementes se encarrega da restauração. A depender da topografia e da vegetação, contudo, a aposta é a aplicação da serapilheira, uma camada de material orgânico em processo de decomposição rica em variedade, quantidade e qualidade de sementes.

É a partir destas e de outras técnicas de regeneração que o Programa Produção Sustentável de Bezerros alia reflorestamento e pecuária nas regiões do Araguaia e do Pantanal de Mato Grosso. Inédito no Brasil, o trabalho é voltado a pequenos e médios produtores que buscam intensificar suas produções com base na troca de informações e de diagnósticos técnico-produtivos e ambientais.

Consultor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o economista e coordenador do programa, Amado de Oliveira Filho, explica que a melhora na qualidade da bezerrada nestas propriedades é visível, de modo que os caminhos apontam para práticas cada vez mais sustentáveis.

“Em algum momento chegaremos sim à prática da agricultura regenerativa. Afinal, estamos introduzindo nestas áreas a importância do zelo com o solo, água e tudo aquilo que vai ser utilizado na pastagem”, afirma Oliveira Filho à reportagem do Gigante 163.

Expectativa de avançar

Hoje o Produção Sustentável de Bezerros atende 305 fazendas, uma amostra ainda pequena diante das 107.600 propriedades pecuaristas no Estado. Além disso, a capacidade de investimento de pequenos e médios produtores, que já era reduzida, vem enfrentando dificuldades, segundo o economista. Mesmo diante disso, porém, a expectativa é avançar no processo de rastreabilidade para alcançar fatias mais exigentes do mercado, aumentando a lucratividade dos produtores entre 5 a 10%.

“Quando passarmos a identificar grandes lotes, com aumento efetivo de escala diante do mercado demandador, poderemos fazer com que os pecuaristas consigam obter a elevação de preços. Isto porque os animais estarão com brincos com a marca do programa, o que garantirá a sua origem e atenderá aos compradores mais exigentes com relação à sustentabilidade”.

Neste cenário é importante destacar também a busca por sistemas de integração envolvendo a pecuária de corte, já que, de acordo com o consultor, nos últimos 10 anos foram transferidos mais de 2,5 milhões de hectares de pasto para a produção de grãos.

“Em todas as fazendas que aderem ao Programa, os consultores orientam sobre redivisão das pastagens. Além disso, a Acrimat vem financiando pesquisas com a Embrapa Agrossilvipastoril e a Acrinorte para conhecer as vantagens, inclusive de renda, para os diversos sistemas de integração. Com tudo isto, vêm se reduzindo a quantidade total de pastagens sem que se reduza o total de bovinos no Estado”, pontua.

Análise de solo

Também faz parte do processo a análise dos solos, realizada em Cuiabá, por meio de uma parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), sem custos para os pecuaristas. Os resultados são enviados para a supervisão e seguem para a elaboração da prescrição para a recuperação das pastagens. Feito isto, todos os envolvidos recebem esta prescrição, que é lançada num sistema para acompanhamento.

A Acrimat informou que as 305 áreas atendidas na região Araguaia estão localizadas nos municípios de Paranatinga, Gaúcha do Norte e Ribeirão Cascalheira. Mais recentemente, a associação implementou uma nova versão do programa, o Projeto de Produção Sustentável de Bezerros no Pantanal.  A meta é de atender mais 100 propriedades na região de Cáceres utilizando os mesmos métodos.