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Rio Paraguai tem nível negativo e chega a pior marca em 8 anos

Rio Paraguai tem nível negativo e chega a pior marca em 8 anosA sobrevivência do Pantanal depende da Bacia do Paraguai. Foto: Lula Marques/Agência Gov

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Por André Garcia

A falta de chuva e as temperaturas mais altas que o esperado no Pantanal agravam a crise de abastecimento no Rio Paraguai, que chegou aos -0,01 metros nesta segunda-feira, 26/8. Além de ser a primeira marca negativa do ano, este é o menor nível registrado nos últimos oito anos, conforme medição na régua da Marinha, em Ladário (MS).

Segundo dados do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, no mesmo dia em anos anteriores, o rio apresentava níveis bem superiores: em 2022, a marca foi de 1,86 metros, enquanto em 2018 o nível chegava a 4,34 metros. O Rio Paraguai é o principal rio da Bacia do Paraguai, localizada principalmente no Pantanal, e é crucial para a existência do bioma.

Os números confirmam as projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB), que havia previsto o registro de cotas negativas ainda neste mês, com recorde de mínimas históricas em 2024. Para se ter ideia, em duas semanas, o nível do rio baixou 26 cm, conforme o 34º Boletim de Monitoramento Hidrológico da bacia.

“Os níveis atuais em Ladário (MS) são muito semelhantes aos anos das mínimas históricas, quando o rio alcançou níveis entre -50 cm e -61 cm. Como o prognóstico de chuvas não indica um início precoce da estação chuvosa, pelo contrário, o ano de 2024 pode reunir elementos das duas piores secas, com níveis muito baixos e um risco de início tardio das chuvas”, explicou o pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna.

As chuvas isoladas trazidas pela última frente fria não foram suficientes para amenizar a seca que assola a região e, como já mostramos, a previsão é que a situação se agrave ainda mais nos próximos meses.

Na última semana, o Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil, elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), mostrou que as bacias afluentes do rio Paraguai devem continuar em situação de seca hidrológica excepcional.

Navegação

Diante da situação, a Marinha alerta sobre a existência de bancos de areia com profundidades variando entre 0,1m e 1,9m, o que oferece perigo à navegação. A recomendação aos navegantes é para que redobrem a cautela e adotem todas as precauções necessárias para garantir a segurança nas embarcações.

Outras bacias

Em todas as estações monitoradas pelo SGB, os níveis estão abaixo do normal para este período, exceto os rios Cuiabá, em razão da operação da Usina Hidrelétrica Manso, e Aquidauana. Na estação de Barra do Bugres (MT), a cota chegou, nesta quarta (21), a 29 cm – a 3ª mínima histórica. A marca está atrás apenas dos anos de 2023 e 1967, quando chegou a 28 cm. Em Cáceres (MT), foi observada a 2ª cota mais baixa da história: 40 cm. O recorde ocorreu em 2021, quando chegou a 24 cm.

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