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Rios voadores e corredores de fumaça: entenda como nuvens transportam o bem e o mal

Rios voadores e corredores de fumaça: entenda como nuvens transportam o bem e o malFumaça não afeta apenas lugares próximos às queimadas. Foto: Agência Brasil

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Por André Garcia

Você ouviu falar que os incêndios florestais na Amazônia, no Norte e Centro-oeste do país, estão espalhando fumaça por mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, chegando ao Sul e Sudeste e até em outros países?

Isso ocorre graças a um fenômeno climático parecido, porém de natureza distinta, com o dos corredores de umidade ou “rios voadores”. Já ouvir falar?

O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Mamedes Luiz Melo, explica que, embora sejam influenciados por condições diferentes, ambos os corredores transportam nuvens entre as regiões, sejam elas formadas por água ou fumaça.

“Durante o inverno no hemisfério sul, as chuvas começam a diminuir, normalmente, entre as primeiras semanas de maio e as últimas de setembro. Então uma massa de ar seco se espalhe pelo Sul da região Norte, Centro-Oeste, parte do Sudeste e eventualmente até um pedaço do Nordeste”, afirma ao Gigante 163.

Melo diz que a entrada de uma frente de ar frio vinda do Sul “resulta na formação de ventos, que entram em contato com a nuvem de fumaça proveniente de queimadas e a transporta para outras localidades.”

É importante lembrar que a chegada da fumaça nos grandes centros urbanos diminui a qualidade do ar, uma vez que essa nuvem se junta a outras fontes de emissões locais, como a dos veículos e das indústrias. E uma qualidade do ar ruim afeta a saúde da nossa gente, especialmente de crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades.

Rios voadores

Com relação aos rios voadores, Mamedes destaca que uma das principais diferenças com os corredores de fumaça diz respeito ao período em que ambos ocorrem. Isso porque, neste caso, o fenômeno é registrado entre novembro e março, já sob as condições climáticas estabelecidas pela estação chuvosa.

Assim, as nuvens se formam por massas de ar carregadas de vapor de água e acompanham correntes de ar invisíveis, carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. A floresta então funciona como uma bomba d’água, puxando para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico.

Ao seguir terra adentro, a umidade cai como chuva sobre a floresta. Pela ação da evapotranspiração das árvores, a floresta devolve a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água. Dessa forma, o ar é sempre recarregado com mais umidade, que continua sendo transportada rumo ao oeste para cair novamente como chuva.

Previsão para as próximas semanas

Lucas do Rio Verde, Cláudia, Sinop, Sorriso e Cuiabá são alguns dos municípios de Mato Grosso que vêm registrando incêndios florestais nas últimas semanas. A situação é agravada pelos intensos incêndios na Amazônia, que ocorrem em níveis alarmantes há semanas e já atingem Unidades de Conservação e Terras Indígenas, no norte do Estado.

A situação, de acordo com Mamedes, pode piorar. Isso porque a previsão aponta alta da temperatura em Mato Grosso a partir deste final de semana, quando os termômetros podem registrar mais de 40°.

“Já as chuvas só devem ocorrer entre os dias 15 e 25 deste mês, nas regiões Oeste e Sul do Estado”, concluiu.

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