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Seca completa um ano em várias regiões e já é a maior da história

Seca completa um ano em várias regiões e já é a maior da históriaSeca tem avançado por diversas regiões do Brasil. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasi

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Por André Garcia

A seca iniciada em 2023 ainda persiste, com índices de chuvas abaixo da média histórica que já duram pelo menos 12 meses em grande parte do Brasil. Os dados fazem parte de nota técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e mostram que a situação abrange cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 59% do território nacional.

Divulgado na última semana, o documento também aponta que a partir da década de 90 as secas no Brasil se tornaram mais frequentes e intensas. Isso se reflete na redução da capacidade de geração hidroelétrica, na menor disponibilidade de água para abastecimento das cidades e nas condições adversas para irrigação de cultivos. O aumento de custos já se verifica em diversos setores da economia.

De acordo com o Cemaden, em 2024 mais da metade do Brasil sofreu os impactos diretos da crise climática, que resultou também na pior seca dos últimos 70 anos na Amazônia, Cerrado e Pantanal. Neste cenário, a combinação de altas temperaturas, ondas de calor e baixa umidade relativa do ar, chegando a registrar valores próximos de 7% em parte da região Centro-Oeste, impulsionou o alastramento das queimadas.

Embora historicamente as secas sejam mais recorrentes na região semiárida, nos últimos anos, elas têm avançado por diversas regiões do Brasil. Exemplo disso é o Pantanal, onde o fenômeno vem se intensificando desde 2019 e agora, no ciclo 2023-2024, causa uma situação de calamidade.

“A precipitação abaixo da média, as altas temperaturas, somado aos níveis críticos dos rios, indicam uma situação de escassez hídrica extrema e crescente vulnerabilidade ambiental. Esta combinação de fatores cria um ambiente propício à propagação de incêndios florestais no Pantanal, que já têm sido uma preocupação recorrente no Pantanal durante os períodos de seca”, diz trecho da nota técnica.

Em outubro o rio Paraguai atingiu o menor nível histórico registrado na estação de Ladário: -69 centímetros. A mesma situação crítica também foi observada em Porto Murtinho, onde foi batido recorde mínimo de apenas 53 centímetros em 24 de outubro. À época, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) emitiu alerta para riscos ambientais e operacionais associados ao evento extremo.

Áreas Agroprodutivas afetadas

Em 2024 o número de municípios com mais de 80% de suas áreas de produção agropecuária atingida pela seca foi o maior dos últimos 12 anos. Para se ter ideia, no mês de outubro, 228 municípios apresentaram mais de 80% de suas áreas agrícolas ou de pastagem afetadas. Conforme o Cemaden, eles estão distribuídos majoritariamente entre São Paulo (38), Paraná (27), Minas Gerais (23), Mato Grosso (20) e Pará (20).

No período, 923 municípios registraram impacto da seca em pelo menos 40% de suas áreas agroprodutivas, enquanto outros 195 tiveram entre 60% e 80% de suas áreas comprometidas. Até setembro, aproximadamente 1.200 municípios enfrentaram condições de seca severa. Já em situação de seca extrema, foram 263 municípios.

“A recorrência de secas no período foi mais intensa nas regiões norte de SP, região do triângulo mineiro, norte de Mato Grosso, oeste do Amazonas e no Acre. Sob a influência do El Niño e do aquecimento do Atlântico Tropical Norte, a partir do segundo semestre de 2023, a seca se intensificou e se alastrou por extensas regiões do Centro-Oeste, Norte e Sudeste”, apontam os pesquisadores do destacarem que esse resultado reflete a peculiaridade da seca de 2023/2024.

 

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