A maior estiagem da história recente do Brasil está afetando, de forma generalizada, todas as regiões. O sofrimento, no entanto, é sentido de formas diferentes porque há regiões onde o impacto é mais severo. As informações são do G1.
Rios da região Norte estão secando e as cidades estão isoladas. No Centro-Oeste, um de seus principais biomas, o Pantanal, está ameaçado pelo fogo. O Sudeste sofre também com o os incêndios e a fumaça chega ao Sul.
De acordo com especialistas, a intensidade da seca e os impactos têm a ver com fenômenos, como o El Niño, e com a ação humana, como as mudanças climáticas, o desmatamento e o uso ilegal do fogo.
Regina Rodrigues, que coordena o grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM), explica que o El Niño, por exemplo, provocou o aquecimento dos oceanos, o que bagunçou o clima.
“O El Nino causa isso que chama de bloqueios atmosféricos, que impedem a formação de chuvas e nuvens. O que acontece é que as mudanças climáticas tornaram tudo muito mais intenso, muito mais quente. Sem nuvem para proteger da passagem do calor e com a temperatura mais alta, essa condição foi piorando e chegamos a essa seca imensa”, disse.
O fator humano também tem impacto. A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, revelou que, com a seca intensa, a vegetação se torna combustível, mas para queimar, precisa de fogo. Intencional ou não, sem autorização, é criminoso.
Vulnerabilidade do Centro-Oeste
Na região nenhuma das cidades dos três estados, além do Distrito Federal, se salvam da situação de seca. Segundo os dados do Cemaden, todas estão em estiagem. A principal preocupação recai sobre o Pantanal.Neste ano, o bioma bateu o recorde de queimadas, que começaram antes da época de fogo, ainda em junho, e se estendem até agora. As chamas criaram um rastro de destruição, com animais mortos pelo caminho e a população sufocada pela fumaça.
Maior planície inundável do mundo, o Pantanal está vendo sua água secar de forma acelerada. Segundo um estudo do Mapbiomas foi o bioma que mais perdeu água. A análise revelou que, em 2023, a superfície coberta por água durante pelo menos seis meses foi de apenas 382 mil hectares, uma redução de 61% em relação à média histórica.
A temperatura vem batendo recorde, com máximas chegando perto dos 40°C, em Goiás. A qualidade do ar em pelo menos 28 cidades nesta semana esteve como a do deserto do Saara. Para piorar, o estado o está entre os que têm mais cidades sem chuvas por mais de três meses seguidos.