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Seca no Cerrado é a pior há pelo menos sete séculos, aponta estudo

Seca no Cerrado é a pior há pelo menos sete séculos, aponta estudoAquecimento no centro do País tem se intensificado. Foto: Agência Brasil

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A seca que ocorre no Cerrado brasileiro atualmente é sem precedentes, pelo menos nos últimos 700 anos, indica estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Nature Communications.

Segundo os autores, o aquecimento global na região central do País tem sido mais intenso, sendo o aumento das temperaturas cerca de 1 °C acima da média global, que é de 1,5 °C.

“A mensagem é que não há paralelo com a seca que estamos vivenciando atualmente. É importante frisar que identificamos uma tendência de aumento da temperatura que começa nos anos 1970, mas o fato é que ainda não atingimos o pico de aquecimento. Portanto, a expectativa é que esse fenômeno piore ainda mais”, informa Cruz.

De acordo com o pesquisadores, a temperatura próxima ao solo está tão quente que uma parte significativa da água da chuva evapora antes de se infiltrar no terreno. A anomalia traz diversas consequências, como mudanças no padrão de chuva, que está mais concentrada em poucos eventos, e menor recarga nos aquíferos, o que pode afetar o nível dos rios tributários do rio São Francisco.

Para chegar a essa conclusão, o trabalho apoiado pela FAPESP e pela National Science Foundation, dos Estados Unidos, revisou os dados de temperatura, vazão, precipitação regional e balanço hidrológico da Estação Meteorológica de Januária – uma das mais antigas de Minas Gerais, com registros iniciados em 1915 – e os correlacionou com as variações da composição química de estalagmites de uma caverna no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, situada no mesmo município.

“Com o uso de dados geológicos foi possível expandir a percepção da seca causada pelo aquecimento global para um período bem anterior ao dos registros meteorológicos. Dessa forma, conseguimos fazer a reconstituição do clima até sete séculos atrás. Isso permitiu não somente provar que o Cerrado está mais seco, mas que a origem dessa seca tem relação com o distúrbio do ciclo hidrológico causado pelo aumento da temperatura induzida pela atividade humana na emissão de gases do efeito estufa ”, afirma Francisco William da Cruz Junior, professor do Instituto de Geociências (IGc-USP) e um dos autores do estudo, que foi liderado por Nicolás Strikis, do mesmo instituto..

O artigo “Modern Anthropogenic Drought in Central Brazil Unprecedented During last 700 years” pode ser lido aqui.