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Sem chuva, Centro-Sul deve ter quebra na safra de cana-de-açucar

Sem chuva, Centro-Sul deve ter quebra na safra de cana-de-açucarVolume processado deve ser 10% menor que o do ano passado. Foto: Maurício Cherubin/Agência Fapesp

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Embora o calor tenha dado uma trégua e uma frente fria tenha provocado algumas pancadas de chuva no Centro-Sul, a realidade nas lavouras de cana-de-açúcar ainda é de baixa umidade no solo. Sem previsão de mais chuva para os próximos meses, a expectativa é de quebra de safra em, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo.

De acordo com publicação do Globo Rural, nestes estados praticamente não houve chuvas relevantes para a cultura desde abril.  Para se ter ideia, a situação fez com que os entrenós da cana que será colhida em setembro ficassem muito próximos um do outro e, mesmo que chova, essa característica não deve mudar.

“A seca está preocupante para a lavoura. Muito provavelmente o terceiro terço da safra vai ter quebra. No ano passado, a chuva [nesta época] foi acima do normal”, relata Carlos Dinucci, presidente da Usina São Manoel, de São Manuel (SP). “A cana está bem seca. Não tem como crescer desse jeito.”

Produtividade

De abril a maio, o rendimento estava 3,5% menor do que um ano antes — a base de comparação é elevada, já que a safra anterior (2023/24) foi beneficiada por um clima “ideal”. Por ora, a moagem de 2024/25 está maior pela antecipação da colheita, mas a expectativa de boa parte dos analistas é de que o volume processado no Centro-Sul fique cerca de 10% abaixo das 654 milhões de toneladas no último ciclo.

 “Talvez o fim da safra vá sentir os impactos da associação em maio e junho entre ausência de chuvas e temperaturas altas. Mas, considerando que o início da safra foi melhor que o esperado, devemos ficar [com uma produtividade] perto da média, talvez um pouco abaixo”, diz Fabio Marin, professor da Esalq/USP e coordenador do Sistema Tempocampo.

Incêndios

Outro problema que ronda as usinas são os incêndios. Neste ano, o número de focos cresceu de forma significativa, já que a palhada deixada no solo após a colheita serve de combustível para o fogo, o que é potencializado pela seca.

Dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam que o número de focos em São Paulo de 1 de junho a 11 de julho foi 187% maior do que no mesmo período do ano passado. No Paraná, a alta foi de 25%, e em Minas Gerais, de 48%. Em Mato Grosso do Sul, o número de focos explodiu, crescendo oito vezes no período.

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