Por André Garcia
Ao recuperar 1,02 milhão de hectares de área desmatada usando modelos de Sistemas Agroflorestais (SAFs), o Brasil pode gerar R$ 260 bilhões de receita líquida. Para chegar a este valor, o investimento necessário corresponde a R$ 33,1 bilhões, ou seja, o retorno é quase oito vezes maior que a aplicação, segundo estudo do Instituto Escolhas.
Como já noticiado pelo Gigante 163, a opção pelos SAFs como método de recuperação florestal é endossada por apresentar vantagens imediatas para os agricultores, especialmente os familiares.
“Os SAFs permitem o retorno do investimento em curto prazo, graças às culturas agrícolas de ciclo rápido, e, ao mesmo tempo, asseguram a renda em longo prazo, graças ao cultivo de espécies perenes”, explica a gerente de projetos do Escolhas, Patrícia Pinheiro.
Para quem não está familiarizado com o termo, os Sistemas Agroflorestais se caracterizam pelo plantio consorciado de plantas arbóreas nativas, frutíferas e/ou madeireiras e de cultivos agrícolas de maneira simultânea ou sequencial. Alguns deles incluem a criação de animais.
Cacau no Norte de MT
Um bom exemplo da estratégia é o da startup de reflorestamento Belterra, que receberá investimento de R$ 33 milhões da Cargill para fortalecer a produção de cacau no norte de Mato Grosso e, de quebra, restaurar 1.000 hectares de áreas degradadas.
Com renda líquida de até R$ 10 mil por hectare, valor bem superior aos cerca de R$ 3 mil registrados pela soja, a fruta pode garantir desenvolvimento econômico e social a pequenos agricultores de Alta Floresta, Carlinda e Paranaíta. Foi o que contou o CEO da empresa, Valmir Ortega.
“Não estamos falando de monocultura de cacau. Haverá um conjunto de outras espécies, como mandioca, banana e milho. Isso tudo, pensando tanto na comercialização e geração de renda, quanto no papel que estas plantas exercem na recuperação do solo”, afirma.
Subsistência e geração de renda
Outro caso de sucesso vem de pequenos produtores de Sinop e Cláudia. Desde 2019 eles fazem parte do projeto Gaia – Rede de Cooperação para Sustentabilidade, que alia a regeneração do solo e diversificação produtiva a questões sociais, tendo aumentado em 40% suas vendas a partir de práticas da agroecologia, o que inclui os SAFs.
“Muitas pessoas acham que a produção agroecológica é só para subsistência, o que em um primeiro momento, faz sentido, já que é preciso garantir a segurança alimentar da própria família. Mas essas pessoas precisam ter uma viabilidade econômica, senão, não tem porque permanecer no projeto. É preciso ter renda digna e apoio para produzir”, explica a coordenadora do projeto, a bióloga Rafaella Felipe.
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