Por André Garcia
A produção de soja certificada pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) apresentou notável crescimento no Brasil, passando de 3.8 toneladas em 2018 para uma estimativa de 6,3 milhões de toneladas em 2023, o que representa salto de 62%. Embora os números do último ano ainda estejam em análise, já é possível considerar uma tendência de crescimento de 8%.
Em entrevista ao Gigante 163 a diretora executiva da RTRS, Luiza Bruscato, explica que, na prática, isso significa garantia de acesso a mercados internacionais que demandam produtos sustentáveis.
“Muitos compradores, especialmente na Europa, exigem produtos certificados para cumprir seus compromissos de sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Além disso, obter o selo de Soja Responsável permite aos produtores se diferenciarem no mercado e atrair a atenção de consumidores e compradores que valorizam a sustentabilidade e a transparência na cadeia de suprimentos.”
Luiza atribui os bons resultados a uma trajetória sólida em relação à produção sustentável, a uma legislação ambiental robusta e um reconhecido sistema técnico científico.
Do outro lado da cadeia de abastecimento, consumidores que têm compromissos com a sustentabilidade fortalecem a demanda por esses produtos. Uma das principais características do certificado é a reputação, que garante acesso a mercados internacionais que demandam produtos sustentáveis e responsáveis
“Isso gera um impacto holístico, econômico, social e ambiental nos territórios onde essas práticas ocorrem. Por exemplo, no caso da RTRS, isso é observado no nível de participação do mercado europeu, onde 90% da demanda por material vem de empresas dessa região”, pontua Luíza.
Mapa da certificação
No Brasil, o maior volume de soja certificada RTRS está no estado de Mato Grosso, seguido do Maranhão. Em seguida, vêm os estados de Goiás, Bahia, Piauí, Rondônia e Minas Gerais. Também existem outras fazendas certificadas nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
Para aumentar o número de fazendas certificadas no país, Luíza avalia que é necessário investir em infraestrutura e tecnologia; conceder incentivos e reconhecimento aos produtores comprometidos e promover políticas públicas e regulamentações para criar mais e melhores condições para que isso ocorra.
“É importante destacar que a certificação RTRS é voluntária, e nesse sentido, a escala é um desafio. Para aumentar o número de fazendas certificadas no Brasil, é necessário um enfoque colaborativo que envolva múltiplas partes interessadas, incluindo governos, organizações da sociedade civil, empresas e produtores agrícolas.”
Round Table on Responsible Soy Association (RTRS)
Fundada em 2006 em Zurique, na Suíça, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) é uma organização sem fins lucrativos que promove o crescimento da produção, comércio e uso de soja responsável. A associação funciona por meio da cooperação com os atores participantes da cadeia de valor da soja ou relacionados a ela – desde a produção até o consumo.
Em todo o mundo, são 47,6 mil produtores certificados, cerca de 2,1 milhões de hectares e 6,8 milhões toneladas de soja certificada, até 2022. No Brasil, a RTRS abrange uma área de 1,5 milhão de hectares e uma produção de 5,6 milhões de toneladas.
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