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Soja é cultura mais afetada pelo clima e perdas podem chegar a 40%

Soja é cultura mais afetada pelo clima e perdas podem chegar a 40%Mato Grosso, Paraná e Goiás devem ser os estados mais impactados. Foto: CNA

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Como já mostramos, a agricultura em praticamente todas as regiões do Brasil já sente os impactos de eventos climáticos extremos, que vêm afetando o custo da produção e elevando o preço final dos alimentos. A questão é reforçada pela Ecoa Uol, que, na quinta-feira, 14/6, mostrou que a soja deve ser a cultura mais afetada.

Em decorrência do aumento dos períodos de estiagem, as perdas da oleaginosa podem chegar a 40% até 2070, levando a um prejuízo de até R$ 7,6 bilhões.

“De maneira geral, os cultivos ou alimentos que já se encontram em condições próximas a seus limites fisiológicos, sobretudo térmicos e hídricos, sofrerão maior impacto. Assim, culturas de inverno ou originárias de climas temperados ou frios, como a soja ou o trigo, por exemplo, poderão ser mais impactadas pelas mudanças climáticas”, afirma Giampaolo Pellegrino, presidente do comitê gestor do Portfólio de Mudanças Climáticas da Embrapa.

Para outra importante commodity brasileira, o milho, as perdas estimadas são de até 17% da área de cultivo até 2070, uma vez que, quanto maior a temperatura, menor o rendimento do milho durante seu período de floração. Mato Grosso, Paraná e Goiás, maiores produtores de milho do Brasil, devem ser os estados mais impactados em ambos os casos.

Mas, para além do prejuízo, essas mudanças também devem fazer com que alimentos fiquem mais caros e raros no prato dos brasileiros nos próximos anos.

O cenário é ainda pior se consideramos que, segundo relatório do Banco Mundial, até 2030, as mudanças climáticas vão empurrar de 800 mil a 3 milhões de pessoas para a pobreza extrema no País, dificultando ainda mais o acesso a derivados de soja e milho e mesmo a produtos como Café, chocolate, arroz e feijão.

Soluções

Diante da situação, centros de estudos já trabalham medidas para tornar certos cultivos mais resistentes aos progressivos eventos climáticos extremos. Mas, para além de investimento em pesquisa científica para desenvolver e avaliar tecnologias e práticas agroecológicas, outras estratégias são importantes.

É o caso da diversificação dos cultivos agrícolas, a partir da adoção da agroecologia e da produção regenerativa, por exemplo, melhorando a resiliência do solo e dos cultivares a partir da interação das diferentes espécies animais e vegetais que passam a compor ecossistemas mais diversos.

Vale citar ainda abordagens de gestão e armazenamento de água, gestão de florestas, e gestão sustentável da terra, no sentido oposto do desmatamento decorrente da expansão das áreas de cultivo de soja no Brasil.

Outras culturas ameaçadas

A lista de alimentos que pode “sumir” dos pratos brasileiros inclui o arroz, que pode perder até 14% das áreas apropriadas para o plantio. O maior produtor de arroz do Brasil, responsável por cerca de 70% da produção nacional, é o Rio Grande do Sul, que já foi impactado com as recentes inundações.

Outro exemplo é o café arábica, que deve perder aproximadamente 50% de área de cultivo no Brasil até 2080 devido ao aumento da temperatura média. No caso do cacau, a produção da planta que origina o chocolate pode ser reduzida entre 10% e 25% em todo o mundo até 2050.

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