O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, afirmou nesta quarta-feira, 19/6, que o desenvolvimento da bioeconomia deve ter entre seus princípios o uso sustentável da biodiversidade e a transferência de recursos para quem está na linha de frente da conservação ambiental. Capobianco discursou no encerramento da reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20, em Manaus, no Amazonas.
“Estamos tratando aqui de criar um novo paradigma, que estimule a ação internacional, a cooperação em todos os níveis, para que possamos de fato mudar uma situação em que a floresta hoje tem menos valor em pé do que transformada”, afirmou.
As discussões tiveram como tema central o uso sustentável da biodiversidade para a bioeconomia, com debates focados na conservação da natureza e recuperação da biodiversidade, como florestas e oceanos. Os países avançaram na elaboração de princípios sobre bioeconomia, documento que o grupo entregará ao fim da presidência brasileira do G20.
A primeira reunião presencial da iniciativa, realizada em maio em Brasília (DF), abordou principalmente o papel da ciência, tecnologia, inovação e conhecimentos tradicionais para o tema. A última reunião presencial, que ocorrerá em setembro no Rio de Janeiro, tratará da relação entre a bioeconomia e o desenvolvimento sustentável.
“Temos a oportunidade de estimular as economias mais ricas do mundo para cooperar, priorizar e alavancar recursos que permitam que a bioeconomia se estabeleça, ganhe escala e gere emprego e renda e contribua para a manutenção das florestas tropicais do mundo”, discursou Capobianco.
Temas debatidos na capital amazonense incluíram a bioeconomia para comunidades tradicionais e povos indígenas, o uso sustentável de florestas como por meio do manejo florestal comunitário em concessões e por comunidades locais, e a restauração de ecossistemas degradados como parte da bioeconomia.
“A bioeconomia é exatamente a conexão entre a nossa enorme potência natural e as pessoas que dependem desta deste ambiente no seu processo de desenvolvimento e de geração de emprego. Como nós vamos transitar para uma economia onde a floresta gera resultados concretos para a sociedade amazônica, por exemplo”, afirmou o embaixador André Corrêa do Lago, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do MRE.
Oportunidade para o Brasil
A iniciativa é uma inovação da presidência brasileira do G20, que tem o desenvolvimento sustentável como prioridade, junto ao combate à fome, à pobreza e às desigualdades e a reforma das instituições de governança global.
O World Bioeconomy Forum estima que a bioeconomia tenha atualmente valor estimado de US$ 4 trilhões. Pode chegar, contudo, a cerca de US$ 30 trilhões, equivalente a um terço da economia global, com enorme potencial para o Brasil.
No Brasil, destacou Capobianco, o desenvolvimento da bioeconomia é eixo estruturante do Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda. Está também alinhada à Nova Política Industrial e ao novo Plano Clima, que guiará a política climática brasileira até 2035.
“A bioeconomia brasileira é tão diversa quanto nosso povo e nossos ecossistemas, desde produtos das florestas, rios, lagos e oceanos para a geração de produtos que agregam conhecimento e tecnologia e, como bioplásticos e biocombustíveis, até o uso sustentável de produtos florestais, incluindo produtos florestais madeireiros e não madeireiros, alimentos saudáveis, fibras, cosméticos, produtos farmacêuticos, entre outros”, afirmou o secretário-executivo.
Em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o presidente Lula instituiu a Estratégia Nacional de Bioeconomia, que determina a criação de um Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que criará recursos, ações, metas e indicadores. A iniciativa é guiada por diretrizes como a redução das desigualdades, estímulo a atividades que promovam o uso sustentável e a conservação da biodiversidade e a descarbonização de processos produtivos.
O papel estratégico da bioeconomia para a segurança alimentar, climática e transição energética foi destacado por Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC:
‘“A bioeconomia é um instrumento fundamental na diversificação de alimentos para o mundo todo, na produção de bioinsumos para uma agricultura mais amigável com o solo e com as águas, na produção de biomassa em biocombustíveis e para biomanufaturas de alto valor agregado, além de ser extremamente importante para a segurança climática”, afirmou durante entrevista coletiva.
Fonte: MMA