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Vendas de bioinsumos cresce 67%, mas uso no País ainda é pequeno

Vendas de bioinsumos cresce 67%, mas uso no País ainda é pequenoProdutos melhoram saúde do solo e das plantas. Foto: Vivian Chies/Embrapa

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Por André Garcia

A venda de insumos agrícolas biológicos no Brasil cresceu 67% na safra 2021/22 em comparação com o ciclo agrícola anterior, alcançando R$ 2,9 bilhões. Os dados são da Farm Trak, estudo divulgado pela consultoria Kynetec, e apontam para o potencial do mercado no país, onde, apesar do aumento, apenas 4% dos defensivos usados nas lavouras tiveram origem natural no último ano, segundo o Governo Federal.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a porcentagem cresce 50% a cada ano, o que reforça os números do Farm Trak, mostrando avanço acelerado nas três temporadas anteriores, quando a comercialização aumentou quase 40% a cada safra, em média.

A alta está relacionada à disparada nos preços de fertilizantes e às vantagens obtidas a partir da independência de defensivos e fertilizantes químicos, que prejudicam o meio ambiente. O Gigante 163  conversou com Rogério Leschewitz, agrônomo e especialista em Agroecologia e Produção Orgânica da Empaer, sobre essa relação.

“A agroecologia já fabrica bioinsumos há muito tempo e agora eles estão entrando com força também na agricultura convencional, levando vida para o sistema produtivo. Isso pode reduzir o problema ambiental causado pelos agrotóxicos e trazer uma série de vantagens a curto, médio e longo prazo. Então, é uma grande oportunidade para os produtores”, diz.

Até agora, foram registrados mais de 560 produtos biológicos no país, sendo mais da metade somente nos últimos três anos. Na produção de soja, grão com maior volume de produção, porém, apenas 21% dos produtores apostam nos bioinsumos. A estimativa do Governo Federal é que o número alcance 70%.

“Sempre que deixamos de utilizar os agrotóxicos, estamos favorecendo a vida no solo. Então a gente sempre tem que lembrar que os sistemas agrícolas são duradouros e que, quanto mais vida tivermos no solo, mais reduziremos o uso desses químicos, obtendo benefícios diretos, com plantas mais saudáveis e que serão menos atacadas”, pontua.

Incentivo ao agro sustentável

Em 2020, o Mapa lançou o Programa Nacional de Bioinsumos para ampliar a utilização desses produtos. Além disso, o Plano Safra dispõe de uma linha de financiamento com o objetivo de incentivar a implantação de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes nas propriedades rurais, para uso próprio, contribuindo para a redução do custo de produção e também no custo dos alimentos.

Rogério Leschewitz reforça que o fortalecimento de políticas públicas para o agro sustentável pode facilitar trâmites como o tempo para registro dos insumos agrícolas biológicos – atualmente, leva cerca de dois anos -, além de consolidar investimentos  nas áreas de pesquisa, na capacitação e na contratação de técnicos responsáveis a difusão desse conhecimento entre os agricultores, sobretudo aos que se mostram resistentes às mudanças.

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