Com o objetivo de levar o agronegócio para o mercado de capitais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) irá realizar seus primeiros convênios. Em março, serão assinados os acordos de cooperação com o Instituto Pensar Agropecuária (IPA) e o Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA), que terão foco especialmente educacional.
Em entrevista ao Valor Econômico, Bruno Gomes, superintendente da CMV explicou que o agronegócio precisa de R$ 1 trilhão ao ano. Desse total, o setor possui acesso a R$ 300 bilhões por meio de crédito subsidiado e R$ 300 bilhões de capital próprio. O agronegócio consegue entre R$ 300 a R$ 500 bilhões por meio de empréstimos e alguma parcela tem origem em financiamentos via mercado de capitais.
“Há espaço para o mercado de capitais suprir R$ 600 bilhões de crédito ao produtor rural. Em cinco anos, estamos falando de R$ 3 trilhões de operações em estoque”, afirmou Gomes ao Valor.
Uma vez estabelecido o convênio com o IPA, a CVM deve realizar ações educacionais para ampliar o conhecimento e o acesso a investimentos de empreendedores e investidores dos setores agropecuários. A autarquia e o instituto irão promover eventos de capacitação e elaborar estudos e pesquisas para a produção de materiais educacionais.
Visão do agro
O acordo com o IBDA promete aumentar a divulgação das opções de financiamento da cadeia do agronegócio no mercado de capitais, e proporcionar mais educação dos empreendedores rurais quando escolherem essa modalidade de financiamento. Nilson Leitão, presidente do IPA, lembra que o acesso ao crédito precisa de mais facilidades para o produtor rural.
“A CVM nunca tinha aberto as portas para o agronegócio. Quando ela faz isso, para que as pessoas entendam o que é o mercado de capitais que na teoria não tem o conhecimento, é uma grande oportunidade”, disse ao jornal.