Produtores de soja que investem na restauração e na melhoria da saúde e da biodiversidade do solo serão remunerados pelas gigantes Bayer, BRF e Agrivalle. As empresas se uniram à agtech Produzindo Certo para criar o primeiro consórcio de agricultura regenerativa do País, lançado na semana passada em Rio Verde (GO).
Batizada de Reg.IA, a iniciativa cria um protocolo de práticas sustentáveis a ser adotado no cultivo da oleaginosa. De acordo com publicação do Globo Rural, as diretrizes incluem itens obrigatórios e opcionais aos agricultores, garantindo àqueles que seguirem as regras um valor extra pela produção.
Além disso, a proposta aproximará produtores rurais e empresas que compram grãos, com a intenção de estimular a sustentabilidade no campo. A intenção também é expandir o número de parceiros do consórcio, principalmente de empresas compradoras do produto final, para aumentar os incentivos pagos aos produtores.
A soja produzida sob o protocolo será adquirida pela BRF e usada na alimentação animal, por exemplo. A empresa vai repassar aos produtores um prêmio mínimo de 2% sobre o valor da saca, quantia que será paga de forma separada, para que os agricultores tenham a percepção do recurso extra recebido.
Para a CEO da Produzindo Certo, Aline Locks, o diferencial do consórcio é a construção conjunta. Assim, o principal ponto foi a definição de um protocolo viável de ser aplicado pelos produtores, legitimado pelas empresas e com a transparência técnica e científica necessária para agregar valor às práticas.
“Veremos um impacto significativo na sustentabilidade agrícola da América Latina nos próximos anos”, afirmou.
Critérios
Na safra 2024/25, cerca de 30 fazendas em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais vão adotar o protocolo, com o cultivo de mais de 50 mil hectares e a produção de 200 mil toneladas de soja regenerativa. O item mandatório é ter neste momento nos talhões elegíveis alguma planta de cobertura. A semeadura do grão deverá ser feita com plantio direto de “qualidade”.
Além disso, o agricultor deverá optar, ao menos, por mais uma outra prática listada no cardápio do Reg.Ia: aplicação de, no mínimo, 20% de adubação orgânica; ao menos uma aplicação de defensivo biológico; redução do uso de pesticidas químicos (abaixo de 20% da média nacional) e rotação de culturas.
Todos os talhões serão georreferenciados e acompanhados com mais de 100 visitas técnicas da Produzindo Certo a partir deste mês, sem custos aos produtores. As fazendas estão na base de compliance legal e sustentável da agtech. A produção regenerativa será um diferencial aos produtores.
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