Por André Garcia
Desastres climáticos causaram rombo de R$ 639 bilhões aos municípios brasileiros entre 2013 e 2023, segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) na segunda-feira, 20/5. A agricultura e pecuária foram os setores mais prejudicados, com perdas de R$ 271 bilhões e R$ 86,6 bilhões, o que representa 55,8% do prejuízo total.
Contudo, na contramão destes números, as prefeituras receberam apenas R$ 3 bilhões dos R$ 9,5 bilhões autorizados pela União para ações de proteção e defesa civil.
De acordo com a Confederação, as chuvas intensas e as secas prolongadas são os principais problemas identificados no País, tendo causado perdas de R$ 401,3 bilhões aos cofres públicos e privados no período analisado. Deste total, R$ 307,2 bilhões correspondem a desastres provocados pela seca e R$ 79,3 bilhões relacionados à chuva.
Neste cenário, mais de 418,3 milhões de pessoas foram afetadas e os registros de óbitos chegaram a 2.667. Vale destacar que o recorte da CNM considera que uma mesma pessoa pode ser afetada mais de uma vez ao longo dos anos.
O levantamento ainda traz um recorte exclusivo dos prejuízos e danos humanos em 2024, com R$ 32,1 bilhões em perdas registradas até o dia 13 de maio.
Municípios
O levantamento mostra ainda que 5.233 municípios foram afetados por desastres, sendo registradas 64.742 decretações de emergência e estado de calamidade pública. Considerando que 94% deles já foram prejudicados pelo menos uma vez, a CNM reforça a urgência nas ações de prevenção e gestão de riscos e desastres.
“Todos os municípios do Brasil tiveram eventos da natureza que ocasionaram problemas a comunidade e a prefeituras. Nos primeiros cinco meses de 2024, os desastres causaram mais de R$ 32,1 bilhões em prejuízos em todo o Brasil”, alertou o presidente da Confederação, Paulo Ziulkoski.
Unidades de conservação
Uma das estratégias apontadas para adaptação e mitigação às mudanças climáticas é a criação de Unidades de Conservação (UCs) e a adoção de políticas e ações que incentivem a proteção, preservação e a ampliação de áreas verdes municipais.
Conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), entre 2019 e 2023 foram criadas 103 unidades de conservação pela esfera municipal e 64 pela federal. Dados que, para a CNM, se mostram insuficientes diante do tamanho do desafio da emergência climática.
“Apesar de 2023 ter sido o ano mais quente, foi o ano com a menor criação de unidades de conservação, representando queda de 36% se formos considerar todos os Entes da Federação”, reforça trecho do levantamento.
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