Pela segunda vez em dez anos, a agropecuária registra um Produto Interno Bruto (PIB) negativo. No ano passado, de acordo com os dados divulgados quinta-feira, 2/3, pelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor recuou 1,7%, em relação a 2021.
Segundo a Folha de S. Paulo, por mais que o agro brasileiro venha agregando tecnologia em diversas áreas, principalmente as voltadas para a exportação, ele perde força no cultivo de produtos básicos, muitas vezes os mais pulverizados na economia. Boa parte dessas taxas reduzidas se devem a fatores alheios ao setor, uma vez que o volume de produção cresce, mas sempre abaixo das perspectivas iniciais, devido a graves fatores climáticos que têm afetado o país.
Em 2021, a produção de milho teve quebra de 20 milhões de toneladas de sacas, em relação ao potencial produtivo. No ano seguinte, foi a vez da soja ter redução em virtude da seca, que castigou especialmente a região Sul. Com isso, a participação da agricultura na economia total, que saiu de 4,9%, em 2019, para até 8,8% em 2021, recuou para 7,9% no ano passado, informou o IBGE.
Pecuária
A pecuária também perdeu força no último trimestre de 2022, em relação ao terceiro, com produção menor de carnes bovina e suína, mas com alta na de frango. O desempenho fraco do setor ajudou na queda de 2,9% na taxa de evolução do PIB da agropecuária, quando comparados os dados de outubro a dezembro de 2022 com os de igual período de 2021.
Os números da pecuária referentes ao quarto trimestre de 2022, ainda provisórios, registram um desempenho melhor do que os de 2021.
Desempenhos positivos
Destacaram-se positivamente milho, cana-de-açúcar, café e laranja, todos com crescimento de produção, de acordo com o IBGE. O milho, após a forte perda de produção de 2021, conseguiu uma evolução de 26% na produção de 2022 e de 15% na produtividade. A colheita de café superou em 6,5% a de 2021, enquanto as de laranja e de cana foram 4,4% e 2,9%, respectivamente, superiores.
Para 2023, o cenário, com base nas perspectivas atuais, poderá ser otimista, se o clima ajudar. A safra de grãos indica volume superior a 300 milhões de toneladas.
Já na pecuária, tudo depende da resposta da China para o retorno das importações da carne bovina brasileira. A decisão chinesa influencia também no desempenho das outras proteínas.