O agronegócio brasileiro sentiu os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia, tanto no que se refere à exportação, à importação e no custo de produção as commodities. A alta do preço dos fertilizantes, do petróleo e seus derivados são os efeitos mais sentidos.
As análises desses impactos para o setor na região centro-oeste podem ser conferidas no 1º relatório trimestral de 2022 da Aliança Agroeconômica divulgado na terça-feira, 19/4.
Alta do petróleo
Em algumas cidades do Centro-Oeste, como Rio Verde (GO), São Gabriel do Oeste (MS) e Sorriso (MT), o preço do diesel impactou na produção do milho 2ª safra em média 68%, de 2021 para 2022.
“Em um momento onde os desafios em termos de custo de produção já são altos, tendo em vista as atuais cotações de fertilizantes e defensivos por exemplo, a alta dos combustíveis é mais um fator que pode limitar as margens dos produtores ao longo de 2022”, afirma o relatório.
Exportações
O produto que foi mais influenciado pelos conflitos foi o óleo de soja, que apresentou alta de 212,40% nos escoamentos no primeiro trimestre de 2022 ante o mesmo período do ano passado.
“Este incremento está atrelado ao aumento da compra do subproduto da soja, principalmente pela Índia, que buscou novos fornecedores para diminuir sua dependência do óleo de girassol ucraniano. O país indiano já vinha buscando quebrar a dependência da Ucrânia, e também e do óleo de palma da Indonésia, desde o último ano”, aponta a Aliança.
Importações
A região comprou 2,60 milhões de toneladas de fertilizantes no primeiro trimestre de 2021. Em dólares, as aquisições totalizaram US$ 1,36 bilhão, alta de 98,64% enquanto que o volume importado foi 12,48% inferior ao mesmo período de 2021.
O valor por tonelada saltou de US$ 231,05/t para US$ 524,42/t em um ano.
Preços da soja e do milho
Em janeiro de 2022, tanto a soja quanto o milho registraram valorização em todos os Estados da região, com destaque para a soja mato-grossense que subiu 9,8% e o milho sul-mato-grossense que valorizou 13,0%, ante dezembro/21.
A alta foi justificada pela quebra de safra da soja na Argentina, terceiro maior fornecedor mundial do grão, e no Sul do Brasil, que registrou perdas tanto para a oleaginosa quanto para o milho.
Em fevereiro, o conflito entre Rússia e Ucrânia, importantes players do agronegócio mundial abriu oportunidades para o milho do Brasil. O conflito no Leste Europeu também provocou a procura por outros óleos como o de soja, o que puxou também as cotações do grão.
Abate de bovinos
A região centro-oeste registrou a maior participação no abate e correspondeu com 37,82% do resultado a nível nacional. Foram abatidos na região 10,38 milhões de cabeças, com o estado de Mato Grosso alcançando a primeira colocação (4,46 milhões), seguido de Goiás (2,97 milhões) e Mato Grosso do Sul (2,96 milhões). O estado mato-grossense e o sul mato-grossense registraram queda nos abates de 11,76% e 8,76%, respectivamente, no mesmo comparativo anual, enquanto Goiás subiu em 6,32% os envios.
Fonte: Aliança Agroeconômica