HomeEconomiaProdutividade

Antecipasto: técnica mantém produção de gado e soja na seca

Antecipasto: técnica mantém produção de gado e soja na secaDia de Campo na área do Sistema Antecipasto, na Estância Rosa Branca, em Rio Brilhante, MS. Foto: Embrapa

Profissionais da área de sementes terão treinamento em Rondonópolis
Seguro rural: Governo trabalha para suplementação do orçamento
Gigantes da pecuária prejudicam agro de MT com lastro de crimes; veja principais famílias

Mesmo em um cenário de seca severa, o gado criado na Estância Rosa Branca, em Rio Brilhante (260 km de Campo Grande), vem contando com pasto garantido ao longo desta segunda saa. Isso, graças ao antecipasto, sistema de consórcio entre soja e capim, que propicia a entrada do gado no pasto de 30 a 60 dias antes do período de outros sistemas.

O gerente técnico e engenheiro agrônomo da propriedade, Carlos Eduardo Barbosa, conta que vem testando forragens, doses, espaçamentos, épocas e cultivares de soja, há cinco safras. Estratégias que provam seus benefícios  em um momento delicado de crise hídrica.

“Existe um custo a mais com a BRS Tamani [capim mais adequado ao consórcio] e com a dessecação, mas temos 2@/ha líquidos a mais [no peso do boi]. Safrinha sem chuva pede Antecipasto”, garante Barbosa.

A prática está sendo implantada pela Embrapa Agropecuária Oeste e pode ser resumida como uma forma de integração lavoura-pecuária (ILP), em que é feito o consórcio de soja com capim. É o que explica o pesquisador Luís Armando Zago Machado, líder no desenvolvimento da tecnologia.

“Quando as chuvas são escassas, o desenvolvimento do capim fica prejudicado, o que atrasa o pastejo e toda a programação. Já no consórcio, o plantio do capim é feito depois de 20 dias do crescimento da soja, entre os estágios V3 e V4 da cultura”, diz ao reforçar que o gado pode entrar no pasto de 30 a 60 dias antes do período normal de pastejo.

De acordo com a Embrapa, após vários testes, o capim que mais se adequou ao consórcio é o BRS Tamani que, por suas características, que incluem o pequeno porte, crescimento inicial lento e não emissão de colmos na fase vegetativa, acabam não competindo com a oleaginosa.

“A soja é a cultura que paga a conta do sistema. Não podemos comprometer a produtividade da soja”, acrescenta o pesquisador.

Escolhendo a soja

Neste contexto, o produtor deve estar atento ao padrão de crescimento da soja escolhida, uma vez que o mercado oferece diferentes programas de melhoramento genético. Entre as características, a soja deve apresentar resistência a herbicidas, ter porte em torno de 90 cm a 110 cm e crescimento vegetativo vigoroso com bom fechamento de entrelinhas.

Além disso, o espaçamento entrelinhas da oleaginosa não precisa ser modificado, sendo entre 45 cm e 60 cm. O momento ideal para a dessecação pré-colheita da soja é a partir do estádio reprodutivo R7.2, quando a planta está bem amarelada, não ocorrendo a perda de produtividade nem a eficiência da dessecação.

Segundo o pesquisador, os benefícios da tecnologia dependem dos objetivos e limitações de cada ambiente de produção, mas, “a tecnologia se encaixa como uma ‘luva’ para quem faz a ILP e para quem quer formar palhada”.

LEIA MAIS:

Fazenda com SAF garantiu produtividade mesmo na seca

Sistema agroflorestal pode gerar receita de R$ 260 bi; veja exemplos

Sistema Agroflorestal pode dobrar produção de alimentos no Brasil

Da Amazônia ao Cerrado, cacau avança com produção em sistema agroflorestal

Uso de sistema agroflorestal muda vida de agricultores de Aripuanã

Agroflorestas podem reverter calor extremo e garantir rentabilidade

Agropecuária é o setor mais prejudicado por desastres climáticos