As árvores de teca em sistema de Integração Lavoura, Pasto, Floresta (ILPF) crescem mais que as cultivadas em plantios homogêneos. Na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT), por exemplo, árvores com 11 anos cultivadas no sistema ILPF estavam mais altas e com o diâmetro à altura do peito (DAP) 52% maior do que as do plantio homogêneo em talhão instalado ao lado.
É o que mostra a publicação “Teca (Tectona grandis L. f.) no Brasil”, da Embrapa, que reúne técnicas de manejo para a espécie. O trabalho feito pelos pesquisadores Maurel Behling e Flávio Wruck mostra que, ao planejar seu sistema ILPF, o produtor deve definir se utilizará o componente arbóreo como adição ou substituição de renda.
De acordo com Behling, nessas configurações, o carro-chefe do sistema passa a ser a teca, de modo que se pode assumir que as perdas de produtividade nos componentes agrícola ou pecuário serão compensadas pelas receitas geradas com as árvores, ou seja, há uma substituição de receitas.
Segundo a pesquisa, dependendo do número de plantas por hectare, é necessária a realização de cortes seletivos anteriores visando aumentar a entrada de luz no sistema e reduzir a competição. Nos anos iniciais, a madeira desse desbaste pode ser usada para energia ou fabricação de mourões, mas já aos 12 anos é possível retirar madeira destinada à serraria.
Clones
Para obtenção do melhor desempenho das árvores, os pesquisadores da Embrapa recomendam o uso de mudas clonais e não as produzidas por sementes. Mensurações feitas comparando os dois tipos de uso mostram que árvores clonadas tiveram crescimento 28% maior em DAP, 21% maior em altura total e 80% maior em volume total.
“A expectativa no sistema silvipastoril, com uso de clones de teca, é realizar o corte raso das árvores entre 18 a 20 anos”, afirma Behling ao destacar que, com o uso de mudas seminais, a expectativa sobe para 25 anos.
Outra vantagem do uso dos clones é que, ao crescerem mais rapidamente, essas mudas permitem antecipar a entrada do gado no sistema sem riscos de danificar ou quebrar as plantas. A recomendação é que animais mais jovens entrem nos pastos sombreados pela teca quando as árvores tiverem DAP entre 3 e 4 centímetros.
Software auxilia no manejo
Produtores interessados no plantio de teca em ILPF contam com o apoio de um software gratuito, desenvolvido pela Embrapa Florestas, que visa dar suporte às atividades de manejo, análise econômica e planejamento do componente florestal. O SisILPF Teca funciona como um simulador em que o usuário pode testar, para cada condição de clima e solo, todas as opções de manejo de teca na ILPF.
O software também calcula o carbono capturado pelas árvores, em equivalentes de gás carbônico e metano, e emite gráficos com estimativas do número de animais que podem ter a emissão de metano compensada pelas árvores do ILPF. “Esses sistemas estão em ascensão e entram na contabilidade do País na mitigação dos impactos da mudança do clima. O SisILPF_Teca é uma ferramenta importante de apoio ao planejamento e manejo dos plantios”, finaliza Oliveira.
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