A colheita de soja da safra 2023/24 avança no País confirma as projeções de perda de produtividade devido a problemas climáticos no fim do ano passado, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Sul. As perdas parecem ter estancado no Centro-Oeste recentemente com o clima mais favorável. No Sul, no entanto, o avanço da ferrugem asiática ainda pode causar prejuízos.
Como já mostramos, a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) prevê uma produção de 135 milhões de toneladas no País, ou menos. No ciclo 2022/23, a colheita alcançou 154,6 milhões de toneladas. Os números são inferiores aos da última previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 149,5 milhões de toneladas.
De acordo com publicação do Globo Rural desta segunda-feira, 11/3, em Mato Grosso, diferentemente dos péssimos rendimentos observados nas primeiras áreas colhidas em dezembro de 2023, a produtividade dá sinais de estabilização.
É o que explica o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, ao destacar que neste momento a colheita atinge 90,42% da área plantada no Estado.
“O rendimento melhorou, mas ainda está muito distante daquele observado na temporada passada, quando tivemos ótimos resultados”, afirma.
O Imea manteve a estimativa de produtividade em 52,81 sacas por hectare — na safra passada, foram 62,30 sacas por hectare.
“A colheita deve se estender por mais um mês no Estado. É preciso aguardar o fim dos trabalhos para chegar a uma média consolidada”, diz ele.
No grupo Bom Futuro, a colheita da soja atingiu 90% da área, com produtividade entre 55 e 56 sacas por hectare, mas que poderia ser um resultado melhor, segundo o diretor de mecanização, José Vengrus Filho.
“Nosso investimento foi feito para chegar pelo menos na nossa média, de 70 sacas por hectare, mas tivemos a atuação do clima como nunca visto antes, com temperaturas acima da média e um calor de 40º C por vários dias consecutivos na época do plantio”, explicou José.
A Cocamar, que atua no Paraná, Mato Grosso do Sul e em São Paulo, informou que em 60% das áreas houve queda de 30% na produtividade por causa das ondas de calor.
“A produtividade dos cooperados está em torno de 40 sacas por hectare, quando a previsão inicial era atingir 60 sacas”, diz o gerente técnico Rafael Furlanetto.
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