O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de criar uma linha de custeio para pequenos e médios produtores, com taxas de juros de mercado, dentro de seu programa BNDES Crédito Rural, que desde março do ano passado vem ofertando crédito para investimentos.
A iniciativa foi tomada para complementar a oferta de dinheiro a pequenos e médios agricultores já atendidos pelo banco por meio do Pronaf Custeio (programa voltado à agricultura familiar) e do Pronamp Custeio (médios produtores), diante da escassez de dinheiro destas linhas, com taxas equalizadas pelo Tesouro. A previsão inicial é liberar até R$ 500 milhões no ciclo 2021/22 com o BNDES Crédito Rural Custeio.
“O movimento que estamos fazendo é o mesmo adotado (anteriormente) com linhas de investimento, porque a situação de escassez (de crédito) também está se dando nas linhas de custeio que o BNDES opera”, disse o chefe do Departamento de Canais de Distribuição e Parcerias e responsável por gestão do crédito rural no banco, Caio Araújo.
O BNDES Crédito Rural tinha até então dois subprogramas: o de Investimento, para aquisição de bens relacionados a projetos agrícolas, e o Finame, de financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas. A proposta do programa, quando criado, foi justamente complementar a oferta de crédito ao setor com recursos do próprio BNDES, ainda que com juros de mercado, já que linhas com taxas subsidiadas vinham se esgotando muito antes do término da safra.
Desde seu lançamento, foram aprovados pedidos totalizando R$ 4,6 bilhões. Apenas na safra 2021/22, foram R$ 900 milhões, segundo Araújo. A expectativa é de que, em toda a temporada, o BNDES conceda de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões por meio do BNDES Crédito Rural, já incluindo recursos para custeio.
A estimativa de liberar até R$ 500 milhões para custeio pelo programa nesta safra é “realista”, de acordo com Araújo, mas há possibilidade de liberar mais dinheiro, se necessário. Já o montante a ser aprovado pelo banco na temporada com taxas de juros equalizadas, via Pronaf Custeio e Pronamp Custeio, deve ser bem maior, de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. “Hoje ainda não temos visibilidade do que virá, precisamos entender quais instituições de fato vão operar a linha (com taxas livres)”, acrescentou Araújo.
Atualmente, os principais repassadores de recursos do BNDES são cooperativas de crédito. “Os grandes bancos têm suas próprias linhas de Pronamp e Pronaf, têm abundância de recursos. Nós estamos querendo dar mais munição aos pequenos bancos e chegar aos pequenos agricultores”, pontuou Araújo.
As primeiras operações, diz ele, devem começar a ser realizadas no fim de novembro, em virtude do tempo necessário para habilitar os sistemas e preparar redes de gerentes e funcionários.
Fonte: Estadão Conteúdo