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Cautela: produtor de MT aguarda chuva para iniciar plantio de soja

Cautela: produtor de MT aguarda chuva para iniciar plantio de sojaPlantio de soja vai atrasar em muitas regiões. Foto: Mapa

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Por André Garcia

Setembro e outubro terão volumes de chuva abaixo da média histórica, desacelerando o ritmo de semeadura no início da safra de soja 2024/2025. Em Mato Grosso, principal produtor nacional, mesmo com o fim do vazio sanitário nesta sexta-feira, 6/9, a maior parte dos agricultores deve aguardar uma estabilização para começar os trabalhos.

Esta tendência, apontada em boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado nesta terça-feira, 4/9, é reforçada por Ilson Redivo, que adiantou ao Gigante 163 que o plantio em sua propriedade, em Sinop (480 km de Cuiabá), só vai começar após um acúmulo de 50 mm de chuva.

“Somos dependentes das condições climáticas. Então, para quem não tem irrigação, que é o caso da maioria dos produtores mato-grossenses, o plantio só vai começar quando chover”, disse.

Na região sul do Estado, a situação não é diferente. Em Jaciara (140 km de Cuiabá), o proprietário da Fazenda Aymoré, Jorge Diego Giacomelli, já está finalizando o preparo do solo com calcário, gesso e adubo, mas só deve semear a partir de 5 de outubro, quando, segundo as previsões do tempo, as chuvas começarão a cair com regularidade.

De acordo com ele, como o preço do milho foi reduzido e o mercado está frio, não tem por que acelerar o plantio, comprometendo o potencial produtivo de áreas semeadas precocemente, devido a menor umidade do solo. “O mais importante agora é focar na janela ideal”, afirma.

Mesmo diante das previsões climáticas, o Imea manteve a projeção de área de soja em setembro para a safra 24/25 em 12,66 milhões de hectares no Estado. O total da área a ser cultivada ainda pode mudar.

Cautela

Para este ciclo, o produtor também se preocupa com a atual cotação da soja e a projeção de uma supersafra nos Estados Unidos. Lá, a colheita se aproxima, o que deve aumentar a disponibilidade do grão pressionando os preços em Chicago, e influenciando negativamente os preços da commodity em Mato Grosso.

Diante do cenário, Ilson reforça que este não é momento de assumir riscos. Isso significa que um eventual replantio, decorrente de problemas com o desenvolvimento inicial das lavouras, está fora de cogitação.

“Por conta dessa queda de preço, estamos trabalhando no limite da margem. O produtor tem que ser cauteloso, mais racional. É claro que tem coisas que não se pode reduzir, como a aplicação de fungicida. Mas talvez apostar em uma tecnologia de semente mais em conta. Não é hora de fazer investimentos pesados na fazenda.”

Também é importante lembrar que muitos produtores terão margens de lucro baixas, devido aos compromissos financeiros assumidos nos últimos anos, quando os preços da oleaginosa estavam mais altos. Ou seja, a paciência agora será determinante para que as contas fechem no ano que vem.

“Considerando os custos com insumos, funcionários e outras despesas, a produção custará cerca de R$ 6 mil por hectare, o que gera uma certa tensão. Para o ano que vem, pensando em uma estimativa de R$ 110 pela saca, teremos que colher 55 sacas por hectare para compensar. No ano passado, foram 52,16 sacas”, afirmou Jorge.

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