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Clima adverso se enfrenta com tecnologia e boas práticas

Clima adverso se enfrenta com tecnologia e boas práticasMonitoramento deve consolidar estratégias chave para o agro. Foto: Reprodução/CNA

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Por André Garcia

Em um contexto climático cada vez mais complexo, como o que estamos assistindo nos últimos meses, os dados de satélites contribuem tanto com a avaliação de riscos de secas e inundações, quanto no desenvolvimento de estratégias para aumentar a resiliência das lavouras. Na prática, isso se traduz em aumento da produtividade sem a necessidade de abertura de novas áreas de plantio.

É o que explica o pesquisador da Embrapa Cerrados, Edson Sano, ao lembrar que, para atingir a produção atual de grãos do Brasil, de 210 milhões de toneladas, com a tecnologia disponível há 25 anos, seria necessária uma expansão agrícola adicional de 140 milhões de hectares. Para ele, o avanço é inegável, mas o cenário exige ainda mais.

“Devido a esses avanços na complexidade dos sistemas de produção, também temos que ter progressos na tecnologia espacial. Hoje, por exemplo, mais de 90% do milho produzido no Brasil vem do milho safrinha. É um período muito curto para se ter imagens em número suficiente para esse tipo de monitoramento”, explicou.

O monitoramento também é fundamental para a consolidação de estratégias chave para o agro brasileiro, como o cálculo do estoque de carbono no subsolo. Outro exemplo é a recuperação de pastagens degradadas, que podem ser mapeadas pelos satélites. Neste caso, segundo Sano, existem ao menos dois desafios a serem vencidos.

“O primeiro é identificar onde estão essas pastagens degradadas, já que um mapa como esse em níveis de degradação é uma das coisas mais difíceis de serem executadas. Outra questão importante é que a maioria dessas pastagens estão em pequenas propriedades”, ressaltou.

Sustentabilidade

Toda essa tecnologia deve ser aliada a práticas que resultam na redução do desmatamento, no uso do fogo e na emissão de carbono na atmosfera. Entre elas, o pesquisador citou o plantio direto, adotado atualmente por mais da metade das propriedades do País. Só no Cerrado, são mais de 12 milhões de hectares.

“Não se trata de uma tecnologia Embrapa, mas que contou com a nossa participação”, esclareceu. Antigamente, ele lembrou, a produção de grãos era feita utilizando uma mecanização intensa, por meio de aração e gradagem. “Hoje, uma parcela pequena dos produtores adota esse tipo de plantio convencional”.

Segundo Edson, no plantio direto, a biomassa que fica em cima do solo traz uma série de vantagens: reduz a erosão do solo e aumenta a sua umidade. Como há menos necessidade de mecanização, os custos para o produtor diminuem, o que garantiu a adesão pelos produtores ao longo dos anos.

Outras tecnologias citadas pelo pesquisador foram as diversas espécies forrageiras desenvolvidas pela Embrapa, mais adaptadas às condições climáticas e de solo da região do Cerrado. Sano destacou, por fim, a tecnologia de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que possui diversos arranjos de utilização.

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