A crise climática aumentou a demanda por recuperações judiciais no agronegócio em 82,4% em 2023, levando empresas de produtos e serviços relacionados ao setor a formalizarem 321 pedidos. Os números fazem parte de levantamento do Serasa Experian e mostram um salto em relação a 2022, quando houve 176 solicitações.
Vale destacar que os produtores em si não fazem parte deste estudo, uma vez que são analisados em um espectro separado. É o que destaca publicação da CNN ao informar que o setor representou 22,8% de todos os pedidos de recuperação judicial de 2023.
Assim, as empresas observadas incluem revendedores e indústrias de insumos, agroindústrias e comércios atacadistas de produtos agropecuários, serviços de apoio à agropecuária, bem como indústrias e revendedores de máquinas agrícolas.
Neste contexto, a analista de recuperações judiciais da KPMG, Osana Mendonça, destaca as “complexas consequências das alterações das mudanças climáticas”. Ideia reforçada pelo especialista em recuperações judiciais, Luís Guerrero, que diz que “a quebra de safra é quebra de renda, e invariavelmente descumprimento contratual”.
De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de 2024 deve ser 3,8% menor que a de 2023 por conta das mudanças climáticas.
O cenário, contudo, não é de crise generalizada no setor, conforme avalia o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, que aponta para a gestão das empresas como foco de atenção.
“É fundamental que os produtores e empresas ligadas ao agro organizem suas finanças e, se preciso, busquem pela renegociação de dívidas, pois a recuperação judicial deve ser utilizada apenas como último recurso”, afirma.
O levantamento, feito com a ferramenta Agro Score PJ, da Serasa Experian, aponta ainda que o uso de modelos preditivos pode antecipar e evitar riscos, permitindo que credores tomem decisões mais precisas que impeçam as empresas de chegar em momentos drásticos.
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