Por André Garcia
A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), que atinge com mais frequência a segunda safra do cereal, é conhecida por comprometer a produtividade e trazer prejuízos aos produtores. Como já mostrado pelo Gigante 163, a situação é agravada pelo calor, o que faz do manejo da e da prevenção as melhores formas de proteger as lavouras das doenças provocadas pela praga.
É o que reforça em entrevista ao Globo Rural a produtora Renata Cristina Alvares, que anualmente lida com o inseto nos 450 hectares que cultiva com milho safrinha, em Rio Verde (GO). Os gastos com aplicações de inseticidas e compra de sementes híbridas mais tolerantes às doenças já fazem parte da planilha de custos da fazenda.
“Sempre acontece, mas este ano foi o que tivemos mais problemas. Fugiu do controle. O milho pequeninho já estava com a cigarrinha. Acredito que o clima quente e seco foi o fator predominante para a alta infestação que tivemos”.
No milho, o inseto causa danos pela sucção da seiva do floema, o tecido vivo através do qual circulam compostos orgânicos solúveis, em especial a sacarose. Mas esse não é o principal problema, já que ele também transmite bactérias e vírus que podem afetar a produtividade e, por decorrência, a produção do cereal.
Novidades
Como mostramos recentemente, a proliferação da cigarrinha-do-milho tem ligação direta com a expansão da monocultura e, principalmente, com o manejo inadequado das lavouras, o que incluiu a aplicação de agroquímicos. Mas a situação pode ser revertida pelo fungo Cordyceps javanica, destaque de estudo publicado na revista Scientific Reports.
“De uma maneira ou de outra, o fungo penetra nos corpos dos insetos. Seu efeito inseticida não é imediato. Ele precisa de alguns dias para germinar e produzir esporos, levando o inseto à morte. Mas, bem antes disso, já começa a afetar os seus comportamentos, inclusive o comportamento alimentar”, relata a pesquisadora Nathalie Maluta .
Recomendações
Logo, é preciso entender como funciona o ciclo da praga e o comportamento dela para tomar as decisões adequadas. O controle do milho tiguera – fonte de reprodução da cigarrinha – desde a entressafra é essencial para evitar problemas de complexo de enfezamento na segunda safra. É o que reforça as orientações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Veja:
Na entressafra
• Elimine o milho voluntário (tiguera) e mantenha o campo sem plantas daninhas
Na semeadura
• Não semeie milho ao lado de lavouras adultas apresentando sintomas de enfezamento
• Utilize cultivares de milho com maior tolerância genética aos enfezamentos
• Utilize sementes de milho certificadas e tratadas com produtos registrados
• Respeite o período de semeadura do milho indicado para cada região
Durante o cultivo
• Monitore a presença da cigarrinha entre as fases VE – V8 e aplique os métodos de controle recomendados para reduzir ao máximo a população do vetor
• Rotacione os modos de ação para evitar resistência da cigarrinha a inseticidas
• Controle a qualidade da colheita e evite a perda de espigas e grãos
Após a colheita
• Transporte corretamente o milho colhido e evite a perda de grãos nas estradas
• Faça rotação de culturas e evite a semeadura sucessiva de gramíneas
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