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Com agrofloresta, pequeno produtor entra no mercado de carbono

Com agrofloresta, pequeno produtor entra no mercado de carbonoNo assentamento Nazareth já foram distribuídas cerca de 9 mil mudas. Foto: Reprodução/Governo de MS

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Por André Garcia

Em Mato Grosso do Sul a agricultura familiar já faz parte do Mercado de Carbono Neutro. Cerca de 800 pequenos produtores do assentamento Nazareth, em Sidrolândia, serão pagos com créditos de carbono pelo cultivo de agroflorestas, sistemas que combinam árvores e plantas nativas à produção agrícola e pecuária.

Graças ao programa Agroflorestar MS cada um deles vai plantar 2,5 hectares de agrofloresta, garantindo a captura e armazenamento de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera por meio do crescimento das árvores e da regeneração do solo. Com isso, suas emissões serão compensadas com a venda de créditos para fora do País.

De acordo com o Governo de Mato Grosso do Sul, o crédito de carbono será pago por meio de plataforma desenvolvida pela Rabobank Acorn, que envolve desde a medição do crescimento da biomassa via tecnologia de sensoriamento remoto, até a comercialização junto à sua rede de clientes internacionais.

Como funciona

Na prática, um produtor rural que adota um modelo agroflorestal, por exemplo, gera créditos ao sequestrar CO₂ do ar. Esses créditos são certificados e vendidos para empresas que precisam compensar suas emissões, gerando uma nova fonte de renda para o produtor.

Contudo, o sistema é novo e os agricultores familiares têm poucas chances de entrar devido aos custos de certificação que geralmente são deduzidos da receita com os créditos. No caso da Rabobank Acorn, 80% do pagamento pelos créditos de carbono retorna como rendimento.

Agroflorestar

No assentamento Nazareth já foram distribuídas cerca de 9 mil mudas para o plantio das primeiras árvores. Segundo o Estado, a área plantada deve chegar a 2.000 hectares em quatro anos. A proposta valoriza espécies nativas como cumbaru, pequi, jatobá, erva-mate, guavira, macaúba e marolo.

O programa abrange os três principais biomas do estado – Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica e, além de diversificar a produção e gerar renda a partir da preservação e recuperação ambiental, vai reduzir o uso de insumos químicos e melhorar a fertilidade do solo na região.

Todo o trabalho conta com parceria técnica de instituições como a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a Associação Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (APOMS) e Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf).

 

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