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Com Trump no poder, cautela e caldo de galinha é o melhor remédio

Com Trump no poder, cautela e caldo de galinha é o melhor remédioNo primeiro mandato de Trump, Brasil saiu favorecido. Foto: Agência Brasil

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A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20/1, traz à tona uma série de especulações sobre o impacto de suas políticas no agronegócio brasileiro. Em geral, especialistas apontam que embora o retorno do republicano à Casa Branca represente um período de desafios e incertezas, também pode trazer oportunidades estratégicas para o agronegócio brasileiro.

O mandato do republicano pode alterar a dinâmica comercial com a China, especialmente a partir do segundo semestre de 2025. Isso porque, no primeiro semestre, é provável que a China já tenha garantido estoques suficientes para mitigar impactos imediatos de eventuais tensões.

“É importante ressaltar que o cenário geral é marcado por uma oferta elevada, com exportações possivelmente recordes, maior esmagamento e estoques confortáveis”, enumerou ao Globo Rural o analista e consultor da Safras & Mercado, Rafael Silveira ao ressaltar que, assim, ganhos mais significativos de preço podem ocorrer apenas no final do terceiro trimestre ou início do quarto trimestre do ano.

Guerra comercial

No primeiro mandato do republicano, a guerra comercial travada contra a China favoreceu as exportações brasileiras, já que os chineses tiveram que recorrer à oferta brasileira para cobrir o vácuo deixado pela redução das exportações americanas.

Um estudo da Universidade de Illinois mostra que nos últimos 20 anos, as exportações de soja do Brasil quadruplicaram, impulsionadas principalmente pelo mercado chinês. O salto ocorreu principalmente na segunda década, de 2017 a 2023. Em contraste, as exportações de soja dos EUA se estabilizaram desde 2016

“Apesar dos planos da China de expandir sua própria produção doméstica de soja e diminuir a dependência de importações, espera-se que continue importando mais soja do Brasil do que dos Estados Unidos devido à competitividade de preços e razões geopolíticas”, apontam os pesquisadores.

Ao BroadCast Agro, o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, explicou que hoje exportamos 64% de soja, carne, algodão e milho para a China, enquanto os Estados Unidos exportam 34%. “Portanto, os ganhos não seriam tão grandes como foram na primeira fase da guerra comercial, mas pode haver benefícios no curto e médio prazo.”

Para Jank, a maior ameaça representada por Trump é de uma “espiral de protecionismo de tarifas e de uma política industrial protecionista”.

Cautela

Para a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, o Brasil tem condições de ampliar o fornecimento de alimentos para a China e demais destinos, seja a demanda adicional gerada por uma guerra comercial ou por questões climáticas adversas. Contudo, pondera que a disputa sino-americana pode ser mais crítica em comparação com a primeira fase.

“Temos de aguardar a chegada de Trump ao governo para ver as medidas implementadas e também como o Brasil vai se comportar nesse cenário”, pontuou Mori.

Com  a adoção de práticas mais sustentáveis e de baixo carbono, o Brasil está cada vez mais resiliente ao desafio que já se impõe. Com Trump, porém, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

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