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Crime organizado avança na Amazônia e MT tem 5 municípios entre os mais violentos

Crime organizado avança na Amazônia e MT tem 5 municípios entre os mais violentosGrilagem, desmatamento ilegal e femícídio também cresceram. Foto: Agência Brasil.

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Por André Garcia 

A taxa de mortes violentas na Amazônia Legal foi 45% maior do que a média nacional em 2022, chegando a 33,8 registros por 100 mil habitantes no período. Os dados são do relatório Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Mãe Crioula, e mostram que Mato Grosso tem cinco municípios na lista das 15 cidades mais violentas da região amazônica.

O líder do ranking estadual é Aripuanã, com taxa de 121,8 mortes. Localizado no chamado ‘Nortão Mato-grossense’, tem 24.626 moradores, segundo o censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é marcado pela exploração madeireira. A dinâmica é caracterizada principalmente pelas retiradas ilegais de áreas protegidas, dentre elas os territórios indígenas de Aripuanã e Arara do Rio Branco.

Os demais municípios do Mato Grosso citados pelo relatório são Alto Paraguai, com 110,0 mortes para cada 100 mil habitantes, São José do Rio Claro, com 99,5, Nova Maringá, com 90,3 e Colniza com 82,7.

Dos nove estados que compõem a região da Amazônia Legal, Mato Grosso foi o terceiro estado com maior taxa de feminicídio (2,6) em 2022. A maior taxa de feminicídio no último ano ficou para Rondônia, que apresentou 3,0 mortes por 100 mil, seguido do Acre com taxa de 2,7.

Crime organizado

De acordo com o estudo, a Amazônia tem se consolidado como um dos epicentros da atuação do crime organizado no Brasil. Ao menos 22 facções, como Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e até organizações estrangeiras, disputam o controle de rotas em Estados brasileiros da região.

Entre 2019 e 2022, a apreensão de cocaína pelas polícias estaduais na Amazônia Legal cresceu 194,1% , totalizando pouco mais de 20 toneladas em 2022. O estado com mais apreensões de cocaína foi o Mato Grosso, com 14 toneladas, indicando que é um estado estratégico que se situa na fronteira e torna-se uma zona de entrada da droga no Brasil.

“O que mais chama atenção e revela a gravidade do problema é que nos 178 municípios com a presença de alguma facção, vivem aproximadamente 57,9% dos habitantes da região. Nos 80 municípios em disputa por facções, a população absoluta é de cerca de 8,3 milhões de habitantes, algo próximo de 31,12 % da população total da Amazônia”, diz trecho do documento.

Crimes ambientais

Entre 2018 e 2022, os registros de crimes na Amazônia Legal cresceram: desmatamento aumentou 85,3%, com 619 registros no ano passado; comércio de madeira de lei (Artigo 46 da Lei 9.605), 37,6%, passando de 149 para 205; e incêndios criminosos, com alta de 51,3%, sendo 581 ocorrências no último ano.

A grilagem quase triplicou, segundo dados do relatório. Medida pelo crime de invasão para ocupação de terras da União, estados e municípios, os registros cresceram 275,7%, com pico em 2022, quando foram registrados 139 boletins de ocorrência. Em todo o período, o Maranhão, Pará e Roraima são os estados que se destacam com o maior número de registros.

Quando analisadas as taxas de desmatamento acumuladas por estado da região Amazônica, os estados do Pará e Mato Grosso lideram o ranking com 166.744 km² e 152.078 km² de área desmatada, respectivamente.

Os registros de incêndios criminosos na Amazônia Legal cresceram 51,3% entre 2018 e 2022. O maior número de registros de incêndios criminosos na Amazônia Legal foi em Mato Grosso, com 581 incêndios criminosos registrados.

“Se o desmatamento desenfreado e a exploração ilegal de minérios são variáveis presentes há décadas na região, que também convive diariamente com a violência decorrente dos conflitos fundiários, a disseminação de facções criminosas que atuam especialmente no narcotráfico é um fenômeno que se consolidou há cerca de uma década, gerando crescimento dos homicídios e ameaçando ainda mais o modo de vida dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.”

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