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Dia Mundial do Meio Ambiente tem foco na restauração

Dia Mundial do Meio Ambiente tem foco na restauraçãoEstratégia é alternativa à monocultura. Foto: Reprodução/The Natural Conservancy Brasil (TNC)

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Por André Garcia

Se antes o agronegócio poderia ser um dos maiores aliados da conservação ambiental, agora, em nome de sua própria continuidade, o setor tem o dever de se alinhar às demandas urgentes do Planeta. Isso significa ir além da adaptação das lavouras e investir em práticas como a restauração florestal que beneficia a terra e pode trazer até US$ 30 em serviços ecossistêmicos para cada dólar aplicado.

Não à toa, a estratégia está no centro do debate nesta quarta-feira, 5/6, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a restauração dos biomas aumenta os meios de subsistência, reduz a pobreza, assegura o armazenamento de carbono e retarda as mudanças climáticas que causam uma série de prejuízos no campo.

Assim, na contramão da abertura de novas áreas para a agropecuária, setor que, segundo o MapBiomas responde por 97% do desmatamento no Brasil, a recuperação se apresenta como uma das opções mais viáveis aos produtores rurais. Em um país com mais de 150 milhões de hectares de áreas degradadas, como é o Brasil a prática encontra alto potencial para geração de créditos de carbono e outros produtos florestais.

É também uma alternativa à soja, já que a principal commodity brasileira é sensível às crises climáticas que tendem a se intensificar cada vez mais. Um relatório da Orbitas, iniciativa da Climate Advisers especializada em cooperação climática, mostra que, em um planeta mais quente, as perdas financeiras para os produtores da oleaginosa devem passar dos 60% até 2050.

Outro alerta sobre os problemas que o futuro reserva para a soja vem de estudo da Universidade do Estado do Colorado (EUA) feito em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). Segundo os pesquisadores, a seca no Cerrado, onde é cultivada 62,3% da soja do País, causou perda primária de produtividade de 33% nas lavouras, já que, graças ao calor intenso e à seca, as plantas cresceram menos do que em outras regiões.

“As alterações que detectadas no Cerrado estão associadas às mudanças de uso da terra, ou seja, basicamente a conversão da vegetação nativa para pastagens e agricultura. O avanço da perda de cobertura vegetal nativa irá agravar essa situação [de seca], em adição ao aquecimento global”, explica à reportagem do Gigante 163 a professora e pesquisadora da Universidade de Brasília (UNB), Mercedes Bustamante.

Desertificação

A restauração também é apontada pela ONU como ferramenta crucial no desenvolvimento da resistência à seca e para a interrupção da desertificação, processo que afeta mais de 3 bilhões de pessoas no mundo. Em comunicado publicado no sábado, 1/6, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a estratégia pode ser “um fio de ouro” que une ação e ambição.

“Ao restaurar os ecossistemas, podemos desacelerar a tripla crise planetária: a crise das alterações climáticas, a crise da natureza e da perda de biodiversidade, incluindo a desertificação, e a crise da poluição e dos resíduos”, disse ele ao lembrar que as dificuldades no cultivo e na criação de gado afetam desproporcionalmente os pequenos agricultores e os “pobres rurais”, afirmou .

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