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Empresário de MT mapeia carbono para ampliar negócios

Empresário de MT mapeia carbono para ampliar negóciosIniciativa quer comprovar potencial do carbono. Foto: Fabiano Bastos/Embrapa

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Um novo projeto no Mato Grosso pretende transformar a forma como o carbono do solo é medido e valorizado no Brasil. A iniciativa reúne a Agro Penido, a SLC Agrícola, a Embrapa Instrumentação e a agtech Agrorobótica para avaliar áreas agrícolas e de pastagem no bioma do Xingu.

Segundo a AgFeed, a proposta é usar tecnologia de ponta — como robôs autônomos e espectroscopia a laser — para mensurar o carbono estocado no solo em 18,5 mil hectares. Os dados deverão embasar a emissão de créditos de carbono auditáveis.

“Esse projeto provará que nosso sistema produtivo fixa carbono no solo. É um carbono não visual, e essa nova tecnologia vai torná-lo visível para provar que nossos anseios lá de 2014, 2015 estavam certos e que é possível ter mais uma agricultura com mais produtividade, regenerando e enriquecendo”, diz o empresário Caio Penido, idealizador do projeto.

Batizado de Carbono Xingu, o projeto cobre áreas de pecuária convertidas em agricultura, com soja, milho e gergelim, além de sistemas integrados com pastagem intensiva. As propriedades estão nos municípios de Querência e Cocalinho, ambos em Mato Grosso.

Serão 9 mil hectares na Fazenda Pioneira, em parceria com a SLC, e outros 4 mil hectares na Fazenda Darro, da Agro Penido. A mesma fazenda terá ainda 4,5 mil hectares com pastagem intensiva, enquanto mais mil hectares serão recuperados na Água Viva.

“Nas duas primeiras, vamos fazer safras agrícolas, com cultivo de soja, milho e gergelim, além da integração entre lavoura e pecuária e vamos conseguir captar o que tinha de carbono no solo”, reforça Penido.

Ele destaca ainda que a ideia nasceu em 2014, a partir da intuição de que solos tropicais armazenam mais carbono do que se reconhecia. A expectativa agora é comprovar cientificamente esse potencial.

Tecnologia da Nasa no campo para medir carbono do solo

A tecnologia usada é a LIBS (Laser-Induced Breakdown Spectroscopy), também aplicada pela NASA em análises do solo de Marte. No campo, ela permite identificar compostos químicos no solo, plantas, sementes e fertilizantes com alta precisão.

A versão adaptada para o agro brasileiro foi desenvolvida pela Embrapa Instrumentação, em parceria com a Agrorobótica. A plataforma Aglibs, lançada em 2023, será empregada no projeto para gerar dados sobre carbono e mapas de agricultura de precisão.

Diferente de iniciativas focadas em áreas de reserva legal ou restauração florestal, o Carbono Xingu quer mostrar que sistemas produtivos regenerativos fixam carbono de forma mensurável — mesmo em áreas de alta produtividade agrícola.

O projeto já atrai o interesse de grandes empresas de tecnologia, que buscam compensar suas emissões. Para Penido, o desafio agora é fazer com que esse carbono “invisível” seja reconhecido como uma commodity valiosa no mercado global de créditos.

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