Por André Garcia
O mercado verde brasileiro pode movimentar cerca de R$ 1,3 trilhão em investimentos até 2030, elevando o País ao status de superpotência no setor. É o que mostra estudo recente divulgado pela Redirection International, que aponta que 70% deste montante é focado em duas áreas principais: mercado de carbono e agricultura sustentável.
Ao Gigante 163 o sócio da Redirection e Coordenador do estudo, Adam Patterson, explicou que boas práticas agrícolas devem gerar oportunidades em torno de R$ 344 bilhões ao longo da década. Ele também cita pesquisa realizada pela Blended Finance Taskforce sobre ações para preservação da floresta ou intensificação sustentável da produção.
“O relatório calcula que, até 2030, seriam necessários investimentos anuais em torno de US$ 21 bilhões em práticas agrícolas regenerativas e outras iniciativas que conciliam a produção e a preservação. Só no extrativismo sustentável, por exemplo, o potencial é de gerar US$ 20 bilhões por ano até 2030”, afirma.
Os negócios incluem a restauração de áreas degradadas e devem ser impulsionadas pelo lançamento de novas tecnologias voltadas ao setor. Todas essas possibilidades já vêm sendo desenvolvidas pelo País e, mesmo que precisem avançar, o colocam em lugar de protagonismo.
Não à toa, estas estratégias foram amplamente defendidas pelo governo brasileiro na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) de Dubai. Neste contexto, Adam reforça que o Brasil está na do G20, o que pode beneficiar a execução de sua agenda verde.
Para ele, a governança ambiental faz parte do DNA do Brasil, que tem como base de sua economia os recursos naturais e a biodiversidade. Mas ainda há muito muito espaço para crescer.
“O Brasil já era líder em energia renovável, biocombustíveis e proteção ambiental, por exemplo, mas temos visto um grande boom de investimentos e atenção aos temas de ESG nos últimos anos. A perspectiva é bastante positiva”, avalia.
A vasta quantidade de capital natural do Brasil o coloca em um lugar único para a transição para um sistema alimentar sustentável. Assim, o momento pede por políticas públicas que fortaleçam as iniciativas no setor.
“Acredito que a tendência ESG é um movimento secular, de longo prazo, independente do qual governo. No entanto, com certeza, o Governo Federal tem um papel importante na expansão do setor, em especial com iniciativas para liberar investimentos, criar regulamentação e agilizar os leilões públicos.”
Diferentes cenários
O estudo da Redirection consolidou informações públicas incluindo, por exemplo, anúncios do Governo Federal, o Plano Decenal de Expansão de Energia elaborado pela EPE, projeções de associações de negócio e previsões de empresas de consultorias globais.
Segundo Adam, este tipo de levantamento também conta com incertezas e riscos relacionados às projeções, que podem oscilar para mais ou para menos. Ainda assim, mesmo que considerados os cenários menos positivos, as cifras continuam sendo atrativas.
“Por exemplo, no mercado de carbono há bastante incertezas sobre os preços futuros, a demanda global e as metodologias usadas. Sendo assim, o estudo também contempla um cenário mais conservador que aponta uma total oportunidade de negócio de R$570 bilhões de reais no mesmo período”, conclui.
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