O avanço da colheita e do escoamento da soja brasileira elevou os preços do transporte de carga a níveis recordes, informou o Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conforme o documento, a cotação do frete para movimentação de grãos em Mato Grosso, maior Estado produtor da oleaginosa, alcançou os valores mais altos da série histórica em janeiro e deve atingir patamares ainda maiores neste mês.
De fato, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em acompanhamento semanal, os preços dos fretes rodoviários de grãos subiram para as principais rotas com origem em Mato Grosso na comparação com a semana anterior.
“Com a alta demanda por caminhão para fazer o escoamento dos grãos nesse período de safra, os agentes têm desembolsado mais dinheiro para transportar as cargas e cumprir com a data dos seus contratos”, disse o Imea.
Entre as rotas em que ocorreram aumentos semanais estão os trechos de Sorriso (MT) a Miritituba (PA), que registrou valorização de 1,15% para o frete, cotado a R$ 261,21/tonelada, e de Querência (MT) a Barcarena (PA), que teve alta de 2,29%, cotado a R$ 402,50/tonelada.
A Conab citou o avanço da colheita no Centro-Oeste e as exportações aquecidas em janeiro, tanto em volume quanto em receita. “As informações do mercado indicam uma demanda mundial crescente pela oleaginosa, em virtude da retomada da produção e do consumo de proteína animal no mundo, o que indica redução da relação estoque/consumo de soja em grãos em 2022”, apontou a estatal.
De acordo com a pesquisa mensal realizada pela Conab para monitorar as rotas mais relevantes de corredores logísticos com origem nos Estados produtores, o preço de frete em Mato Grosso aumentou 41% nos percursos de Querência (MT) para Araguari (MG) e Colinas (TO) em relação a janeiro do ano passado, chegando ao valor de R$ 270 por tonelada. Na comparação mensal, os aumentos foram de 20% e 32%, respectivamente.
Entre os trajetos monitorados, o valor mais alto é de Campo Novo (MT) para o Porto de Santos (SP), cotado em R$ 430/t (aumento de 33% em relação a janeiro de 2021 e de 10% ante dezembro do ano passado). “A falta de caminhões está provocando um leilão nos fretes, tendo em vista os trabalhos de colheita da soja que atingiram níveis sem precedentes na agricultura do Estado. A situação está sendo agravada pelo excesso de chuvas, com a ocorrência de atoleiros nas estradas vicinais e de acesso às fazendas, além da morosidade na descarga que contribui para o aperto do quadro operacional”, informou o boletim.
Ainda conforme a Conab, em Goiás, que passou a ser o segundo maior produtor de soja nesta safra, após a quebra registrada no Rio Grande do Sul e Paraná, a antecipação ainda em janeiro da colheita da soja nos principais municípios fez aumentar a demanda por caminhões. “Essa atividade de transporte rodoviário tenderá a aumentar acompanhando o avanço da colheita e dos produtos com destino ao exterior”, disse a estatal.
A rota mais cara em janeiro foi a de Rio Verde (GO) para Imbituba (SC), cotada em R$ 250,50/t, aumento de 6% em relação a dezembro – a Conab não traz a comparação ante janeiro do ano passado. Em termos porcentuais, a maior elevação foi no trecho de Bom Jesus de Goiás (GO) para São Simão (GO), que passou de R$ 67,50 para R$ 92 por tonelada, incremento de 36% na mesma base de comparação.
O Boletim Logístico da Conab informa ainda dados sobre valores de frete nos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Distrito Federal.
Fonte: Estadão Conteúdo
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