As alterações climáticas cada vez mais se fazem sentir no bolso do produtor rural. Há desde aumento de 352% no pagamento de indenizações ao homem do campo por parte do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), até aumento do prejuízo com estiagem, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
As companhias seguradoras habilitadas no PSR pagaram R$ 7,7 bilhões em indenizações aos produtores rurais entre janeiro e junho de 2022, ante R$ 1,7 bilhão pago no mesmo período de 2021.
Se comparado ao ano anterior, o valor pago no primeiro semestre deste ano já supera o valor total pago em 2021, que foi de R$ 5,4 bilhões. Os dados foram publicados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) na segunda-feira, 8/8.
Segundo informou a CNA ao jornal “O Globo”, a safra 2021/2022 sofreu perdas de R$ 70 bilhões com a estiagem. Desde 2019, a perda média de rentabilidade por safra está em R$ 45 bilhões. E, embora problemas climáticos sempre tenham ocorrido, eles estão se tornando mais intensos e mais frequentes.
“As estatísticas fogem do padrão clássico, afirmou ao jornal o climatologista do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo. “O aumento da frequência e da intensidade do La Niña mostra uma clara alteração de padrão”.
O jornal “O Globo” ouviu ou dono de uma fazenda localizada no município de Boa Vista das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul, Ivonei Librelotto. Seu depoimento confirma a transformação pela qual o agronegócio tem passado.
“Há oito ou dez anos, eu diria que a agricultura era perfeita. O que observo hoje são picos de frio e de calor. Não é que o verão ou o inverno tenham mudado. Mas os extremos de calor e frio acontecem com mais frequência. Há duas semanas, a temperatura estava 30 graus na sexta-feira e no sábado e caiu a zero na segunda-feira”, disse Librelotto, que já ganhou prêmios por iniciativas destinadas a aumentar a produtividade para enfrentar eventos climáticos adversos.
Eduardo Assad, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), também falou ao jornal “O Globo” o que meteorologistas têm observado: desde 2010, o La Niña aconteceu por três anos seguidos em um período de dez anos. Ele explica que isso só havia acontecido, em intervalos maiores, nos anos de 1954, 1973, 1983 e 1999.
“Tem tudo a ver com a mudança climática”, disse o pesquisador.
Contratação
O produtor que tiver interesse em contratar o seguro rural deve procurar um corretor ou uma instituição financeira que comercialize apólice de seguro rural. Atualmente, 16 seguradoras estão habilitadas para operar no PSR. O seguro rural é destinado aos produtores pessoa física ou jurídica, independente de acesso ao crédito rural.
A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo Programa.
Para mais informações sobre o PSR, faça o download do aplicativo. Basta acessar para Android e para IOS.
A partir de 2022 o percentual de subvenção ao prêmio será fixo em 40% para todas as culturas/atividades, exceto para a soja, cujo percentual será fixo em 20%. Essa regra vale para qualquer tipo de produto e cobertura, conforme regras do PSR, que podem ser acessada aqui.