A falta de infraestrutura nas estradas e a insuficiência da malha ferroviária e das hidrovias brasileiras fazem com que o País perca, por safra, US$ 750 milhões em grãos como soja e milho. Os gargalos logísticos no transporte para exportação foram abordados em evento da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), na segunda-feira, 29/5.
De acordo com publicação do Globo Rural, a diretora executiva da VLI Logística, Carolina Hernandez, apontou na ocasião que, mesmo com crescimento nas capacidades da malha ferroviária e das hidrovias, a competitividade do Brasil segue inferior à de seus concorrentes na exportação de commodities.
“Quando a carga passa de um modal para outro, há um pouco de quebra. Se somarmos isso, temos uma perda estimada em 1,53% da produção, o que representa cerca de US$ 750 milhões que deixamos na mesa desde o ponto de origem até o ponto de destino”, disse.
Com base em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Hernandez comentou que, no Brasil, o modal rodoviário para escoamento de soja e milho representa 38% do transporte, enquanto nos EUA este percentual fica em 14%. Já as hidrovias representam 19% para os brasileiros e 55% para os norte-americanos.
O custo logístico total para transportar uma tonelada por caminhões chega a ser três vezes superior à despesa em ferrovias, de acordo com a executiva da VLI. Na comparação com as hidrovias, o custo para transporte por rodovia chega a ser seis vezes maior. Neste contexto, a chave para resolver o problema é a integração e o aumento da matriz de transportes.
Além disso, Carolina afirma que o Brasil precisa elevar em cerca de 70 milhões de toneladas sua capacidade portuária para continuar dando vazão às exportações do agro, uma vez que o porto de Santos (SP) deve atingir sua capacidade máxima em breve. O cálculo considera a capacidade atual, as melhorias já previstas e a demanda de embarques.
Como mostrado recentemente pelo Gigante 163, o problema foi tratado em audiência pública com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, em audiência na Câmara Federal.
Ao lembrar que o governo já destacou cerca de R$ 2,7 bilhões para recapeamento de rodovias e melhorias de infraestrutura para dar melhor vazão à safra, ele reforçou a necessidade de investimento em unidades portuárias e estradas fora da malha principal do sul para melhorar a competitividade brasileira.
“É fundamental o apoio do Ministério dos Transportes e temos conversado muito sobre essas questões. O asfalto leva progresso para a região, mesmo para o produtor que está mais distante da malha principal, mas que espera também melhorias nas estradas vicinais que ainda não são asfaltadas”, destacou.
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