Por André Garcia
As condições climáticas adversas afetaram o desenvolvimento das principais culturas brasileiras e os produtores deverão colher 312,3 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24, volume 2,4% inferior ao obtido na temporada passada.
Os dados estão no 3º Levantamento da Safra de Grãos 2023/24, divulgado nesta quinta-feira, 7/12, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que atribui a queda na estimativa à baixa ocorrência de chuvas e as altas temperaturas registradas nos estados do Centro-Oeste.
“Estamos atentos e redobraremos o monitoramento das áreas produtoras. O comportamento do clima este ano é o fator mais determinante para as culturas que estão em plantio e em desenvolvimento, em função do El Niño. Além disso, os atrasos no plantio da soja abrem incertezas para o milho 2ª safra”, pondera o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto.
Impacto sobre a soja
Como vem sendo mostrado pelo Gigante 163, o clima tem trazido impacto para a soja, principal cultura brasileira. O plantio da oleaginosa continua atrasado em todas as regiões produtoras e há a sinalização de redução da produtividade nos estados do Centro-Oeste.
Em Mato Grosso as lavouras ainda apresentaram uma evolução satisfatória, mesmo com o pouco volume pluviométrico recebido. Já em Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia e Rio Grande do Sul, a área semeada se encontra bem abaixo do ocorrido na safra 2022/23.
Diante deste cenário, a estimativa de produção da soja nesta safra é de 160,2 milhões de toneladas. Mas, conforme alerta a Conab, o clima ainda é um fator que pode influenciar neste resultado, principalmente quando ocorrem os estágios de floração e enchimento dos grãos.
Milho de 1ª safra
Panorama semelhante é observado no cultivo do milho 1ª safra, que está com o plantio atrasado. Neste primeiro ciclo, é projetada uma produção de 25,3 milhões de toneladas – queda de 7,5% em relação à safra anterior. Já a colheita total de milho está estimada em 118,53 milhões de toneladas.
Mercado
As análises de mercado dos grãos brasileiros mostram que as exportações de soja em grãos, de janeiro a novembro de 2023, continuam elevadas. Além disso, o line-up até o final de dezembro é estimado em mais de 100 milhões de toneladas.
Diante desse cenário, os embarques do grão foram elevados de 98,06 milhões de toneladas para 100,03 milhões de toneladas. Já para os esmagamentos foi verificada uma redução de 350 mil toneladas, motivada por uma diminuição nas estimativas de exportações de farelo e óleo de soja.
Já para o próximo ano, as exportações da oleaginosa estão estimadas em 101,59 milhões de toneladas, uma redução de 1,42 milhão de toneladas em relação ao último levantamento divulgado, influenciado pela atual estimativa do volume a ser colhido.
Queda também para os esmagamentos, reduzidos em 1,05 milhão de toneladas devido, principalmente, pela menor estimativa de venda no mercado interno de farelo de soja em 2024.
Para o milho, a expectativa é que o volume de exportações brasileiras do cereal em 2024 seja reduzido, podendo chegar a 38 milhões de toneladas. A queda projetada se deve em razão da perspectiva de menor produção nacional somada à maior oferta disponível no mercado internacional.
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