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Investir em práticas sustentáveis pode trazer lucro de 83% na soja

Investir em práticas sustentáveis pode trazer lucro de 83% na sojaSem adaptação, prejuízos podem chegar a 60% até 2050. Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

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Por André Garcia

O domínio da soja brasileira no mercado global depende, mais do que nunca, da capacidade de adaptação do setor frente às inevitáveis transições climáticas. Embora uma alta estimada de 2° na temperatura do planeta possa causar prejuízo de 60% até 2050, o cenário traz oportunidades aos produtores que investem em estratégias sustentáveis, que poderão ver a lucratividade aumentar em 83%.

A porcentagem é atribuída à exploração agrícola de alto desempenho, inovação tecnológica, reduções na intensidade de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e investimentos em diversificação e na propriedade das terras. É o que mostra relatório publicado na terça-feira 16/4 pela Orbitas, uma iniciativa da Climate Advisers especializada em cooperação climática.

De acordo com o estudo, em 26 anos, as ações para mitigar os riscos financeiros na cadeia podem resultar em crescimento de 8% na eficiência do uso das áreas agrícolas e de 6% nas exportações. Além disso, o uso racional da terra resultaria em uma redução de 1,356 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono (CO2) por ano.

“Isso permitiria aos produtores aumentarem a produção nas terras existentes, em vez de depender do crescimento alimentado pela expansão das terras agrícolas mediante conversão de vegetação natural em fazendas, que deverá se tornar cada vez mais dispendiosa e inviável à medida que as políticas governamentais forem fortalecidas e a bioeconomia avançar”, diz trecho do relatório.

Neste contexto, haveria uma redução da procura por matérias-primas para a fabricação de ração, destinada à produção de carne, representada por uma baixa de 3% na demanda interna pelo produto. Porém, o papel da soja no suprimento global de proteínas vegetais, no fornecimento de petróleo à base de plantas e na oferta de biocombustíveis resultaria em alta de e mais de 14% na demanda global.

Pavimentando o caminho

O setor de soja no Brasil já passa por mudanças impulsionadas pelo aquecimento global. Metas climáticas e políticas ambientais mais sólidas, restrições comerciais, multas, vínculos crescentes entre reputação da empresa e desempenho ambiental, e novas dinâmicas de mercado e nas exigências do consumidor já fazem parte das rotinas de muitos empresários.

“O Brasil poderia lucrar com essa crescente demanda global por soja, mas apenas se os seus produtores puderem atender às expectativas internacionais. A União Europeia já está exigindo que as importações de soja sejam certificadas como livres de desmatamento por meio da legislação de due diligence da cadeia de suprimentos, e outros grandes importadores estão adotando ou considerando medidas semelhantes.”

No caminho para garantir a liderança da atividade, alguns pontos fortes dão vantagem ao País. Entre eles, a Orbita destaca o poder concentrado dos mercados do meio (midstream) e do fim (downstream), a participação significativa no mercado internacional, uma indústria estabelecida, infraestrutura de suporte e um sólido histórico de melhorias de produtividade nas últimas décadas.

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