HomeEconomia

Jovens experimentam plataformas de mercado de créditos de carbono

Jovens experimentam plataformas de mercado de créditos de carbono

Governo quer aprovação de mercado de carbono antes da COP28
COP29: Países aprovam acordo sobre mercado de carbono global
Agropecuária regenerativa é o grande desafio do Brasil, diz Nobre

Depois de compensar as emissões de gases do efeito estufa da sua vinícola em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, o irlandês Gordon Murphy, 31 anos, decidiu que era hora de tornar a coisa mais pessoal e compensar a própria pegada de carbono.

Transporte, alimentação, bens consumidos, resíduos – tudo foi devidamente lançado na calculadora de uma plataforma de crédito de carbono. Ele descobriu ser responsável pelo equivalente a 5,7 toneladas de CO2 por ano.

“O maior fator de emissão, no meu caso, foi o transporte aéreo, por causa das viagens de avião para acompanhar a produção no Rio Grande do Sul e para visitar familiares na Irlanda”, afirma Murphy, morador de São Paulo, que vai pagar R$ 52 por mês para a compensação total. “Achei bem barato. É o custo de uma assinatura mensal de serviço de streaming. E, com isso, estarei alinhado aos valores do meu próprio negócio.”

Murphy é representante de uma minoria que compensa a própria pegada de carbono. Esse grupo, porém, é crescente. Novas plataformas e ferramentas têm tornado mais simples e rápido para pessoas físicas acessarem o mercado de crédito de carbono, antes restrito a grandes negócios.

Carbonext, EcoCart e Moss são algumas das que contribuem para o cálculo das emissões e fazem a ponte com projetos certificados e auditados de reflorestamento e proteção ambiental de florestas.

Jovens engajados

Depois de trabalhar por anos com clientes como iFood e Cielo, a brasileira Carbonext começou recentemente a ajudar pessoas físicas a zerar suas pegadas de carbono. A engenheira florestal Janaína Dallan, CEO da companhia, espera de 3 mil a 5 mil pessoas físicas em apenas um ano.

“A pandemia foi um gatilho de conscientização”, afirma a executiva, acrescentando que a população está mais informada sobre temas como a Conferência do Clima, COP26.

Medidas para tentar frear o aquecimento da Terra são o foco da pauta do encontro, em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro. Países responsáveis por 70,6% do Produto Interno Bruto (PIB) global se comprometeram a zerar suas emissões líquidas de carbono até 2050, para deter a elevação da temperatura do planeta. A “revolução do carbono zero” promete mudar a economia.

Normalmente, as pessoas que compensam as emissões são jovens na faixa de 20 a 30 anos, especialmente da região Sudeste, diz Luis Felipe Adaime, sócio da brasileira Moss. A plataforma tem “dezenas de milhares” de clientes pessoas físicas.

“A geração mais jovem é, simplesmente, mais consciente e engajada do que as demais, sobretudo dos nossos pais e avós, os baby boomers (pessoas nascidas entre as décadas de 40 e 60)”, resume Adaime.

Outra forma de compensação é diretamente no consumo. Lançada em agosto, a EcoCart importou um algoritmo do Vale do Silício, em São Francisco (Estados Unidos), que calcula as emissões de produtos do e-commerce. O algoritmo fica instalado nos carrinhos de compra e considera tamanho, peso e distância dos bens adquiridos, além das emissões da fabricação do produto. Na hora do pagamento, o cliente é avisado da pegada e pode compensá-la.

Compensação

“Dos consumidores que veem o EcoCart no momento do check-out da compra, 30% efetivamente compensam. Temos três e-commerces oferecendo compensação e vamos adicionar mais três a cada mês”, afirma Vasconcellos, acrescentando que o custo varia de 0,8% a 1,4% do valor do pedido.

“As empresas, se desejarem, podem subsidiar o custo da compensação dos clientes, em vez de pagar completamente, o que ajuda a gerar maior conscientização.”

A produtora baiana Clarice Philigret compensou, recentemente, as emissões geradas por um biquíni comprado na internet. A compensação foi oferecida no momento do pagamento da compra.

“O que eu fiz não foi uma doação. É compensar um dano que a gente causa quando consumimos. É uma forma de sermos menos agressivos com o meio ambiente”, diz Clarice, que tem adotado medidas para reduzir a sua pegada de carbono, inclusive com um projeto de compostagem doméstica, processo de reciclagem do lixo orgânico.

Como compensar sua pegada de carbono

– Conheça: Sua pegada de carbono é o montante de gás carbônico (CO2) emitido por meio dos seus hábitos.

– Calcule: Plataformas como Carbonext app.carbonext.com br/calculator/personal) e Moss (calculator.moss.earth) oferecem calculadoras para conhecer sua pegada de carbono.

– Compense: Esses sites permitem compensar total ou parcialmente as emissões, inclusive de forma parcelada e com programas mensais. O valor depende das emissões calculadas e pode variar de R$ 40 a R$ 80/mês.

– Proteja: O crédito de carbono é comprado de projetos certificados e auditados que reflorestam ou protegem florestas na Amazônia e em outras regiões, além de outros projetos. O crédito é bloqueado em nome do consumidor, para evitar dupla contagem.

– Confira: Novos algoritmos tornaram possível compensar as emissões de CO2 de produtos adquiridos no e-commerce. Sites oferecem a compensação na hora do pagamento, como Marju (marjurio.com), Cura (somoscura.com), Matuschka Mia (matuschkamia.com.br).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.