Primeira empresa do setor pecuário brasileiro a lançar um compromisso para rastrear toda sua cadeia de produção, a Marfrig Global Foods (MRFG3) acumula uma série de índices positivos em 2024. Com motivos de sobra para comemorar, a empresa anunciou lucro líquido de R$ 12 milhões no quarto trimestre de 2023, revertendo o prejuízo de R$ 628 milhões registrado um ano antes.
De acordo com publicação do Estadão E-Investidor, as ações da Marfrig operaram em alta de 8,21% na quinta-feira (28), liderando os ganhos do Ibovespa, como reflexo da divulgação do balanço. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 2,938 bilhões, alta de 32,1% ante o quarto trimestre de 2022. A margem Ebitda ficou em 8% contra 6% um ano antes.
Em março, o empreendimento recebeu pontuação máxima (Nota A) na categoria “Mudanças Climáticas” da edição 2023 da lista anual do CDP (Carbon Disclosure Project), organização internacional sem fins lucrativos que incentiva empresas e governos a reduzirem impactos ambientais. Foi o melhor desempenho entre as companhias do setor de proteína bovina.
Maior produtora global de hambúrgueres, em 2022 a Marfrig já havia recebido A-, a segunda melhor nota, nestas três categorias. Em 2023, graças à implementação e ao avanço de diversas ações focadas em diminuir o impacto de suas operações, a empresa subiu para a pontuação máxima em “Mudanças Climáticas”.
Verde+
O avanço enfatiza os resultados e a importância do programa Verde+, lançado em 2020. O plano previu inicialmente investimento de R$ 500 milhões para garantir que 100% da cadeia de produção da empresa seja sustentável, rastreada e livre de desmatamento. E devido ao sucesso nas ações implantadas essa meta foi antecipada para o ano de 2025.
Segundo a Reset, o acordo de colaboração prevê que as práticas de manejo da pastagem, ajuste de carga animal e adubação adequada à demanda das plantas forrageiras e ao nível de intensificação do sistema. Além de qualidade do produto final, os protocolos garantem balanço reduzido de emissões no caso da Carne de baixo carbono.
Por meio de um sistema de geomonitoramento por satélite e em real-time, bem como uma estratégia de engajamento com os fornecedores, hoje a companhia tem visibilidade sobre 100% de seus fornecedores diretos, e já atingiu 85% de sua cadeia indireta na Amazônia e 70% sobre os fornecedores indiretos que estão no Cerrado.
Rebanho próprio
Também na semana passada, a empresa revelou que planeja investir entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões na aquisição de gado próprio para alcançar um percentual de 25% dos seus abates oriundos de animais criados e engordados pela própria empresa – percentual semelhante ao praticado em sua subsidiária nos EUA, a National Beef.
Conforme o Globo Rural, atualmente a Marfrig possui 5% de seus abates realizados a partir de rebanho próprio, adquiridos das fazendas da família Molina. Se consideradas apenas as operações continuadas, ou seja, que não foram vendidas, o percentual de gado próprio da Marfrig chega a 10% no Brasil.
“Com o abate próprio você consegue ter um controle maior da cadeia de produção do que quando fica só no spot. A National Beef, com o U.S Premium Beef que tem 25%, consegue ter uma estabilidade e uma qualidade maior de produto”, observou o sócio-controlador da Marfrig, Marcos Molina.
Com o novo modelo, a empresa espera reduzir a ociosidade de suas unidades de abate, elevando a taxa de utilização do parque fabril para acima dos 90%, e aumentar os níveis de rastreabilidade da cadeia. A meta é alcançar 100% de gado rastreado em todos os biomas até 2025.
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