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Mudanças climáticas podem elevar valor de seguro rural

Mudanças climáticas podem elevar valor de seguro ruralProdutores sofrem os impactos das secas, o que acaba ditando o valor do seguro. Foto:CNA

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Por André Garcia

Embora ainda não seja possível quantificar a alta no valor dos seguros rurais no País, o setor dá sinais de que a recorrência de prejuízos causados pelo clima pode elevar os custos dos investimentos. Exemplo disso é a segunda safra de milho em Mato Grosso, que deve ser finalizada com perda de 10% em decorrência da seca. Frente à demanda, as empresas já incorporaram análises de dados climáticos aos modelos de negócios.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), Dyogo Oliveira, as mudanças dependerão do apetite ao risco de cada seguradora e de mecanismos de limites de perdas fixados por cada empresa em sua política comercial.

Isso porque o seguro rural está entre aqueles que tradicionalmente recorrem ao resseguro, ou seja, dividem responsabilidades de perdas e ganhos dos negócios.

“Esses mecanismos de distribuição dos negócios, em um cenário de volatilidade dos sinistros, tornam todos os players mais resilientes para suportar as perdas”, afirma Oliveira ao Gigante 163.

Ele explica que a precificação dos seguros leva em conta diversas variáveis como o risco, a região, histórico de sinistros, entre outras, de modo que cada seguradora tem autonomia para estabelecer seus preços.

“Este ramo específico sofre influência do mercado global de resseguros.  Ou seja, não só o Brasil, mas diversos países produtores sofrem os impactos das secas, o que acabará ditando o viés dos prêmios.”

Há que se pontuar ainda que o ramo rural não contempla só o seguro agrícola, relativo aos danos decorrentes de eventos climáticos como geada, granizo, excesso de chuva e seca, por exemplo. Há ainda o seguro florestal, pecuário, de animais, de construções, equipamentos e máquinas de áreas rurais.

“É uma corrida sem fim de ganhos e perdas. Ainda assim, o seguro agrícola é, no País, o maior deles em valor de prêmio. Sua cobertura se inicia no plantio e vai até a colheita. O propósito é manter o agricultor na atividade, visto que, com a indenização, ele pode pagar financiamentos, insumos adquiridos como fertilizantes, sementes e defensivos e arcar com os demais compromissos assumidos”, explica Dyogo.

Análise de dados climáticos

Para ele, as seguradoras brasileiras já estão preparadas para as adversidades, uma vez que apresentam políticas de subscrição adequadas para identificar e precificar os riscos rurais.

“Claro que, às vezes, ocorrem desvios inesperados, o que faz parte do jogo, mas há instrumentos de modelagem de riscos muito assertivos.”

Neste contexto, um dos instrumentos mais importantes é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), um estudo de política agrícola e de gestão de riscos na agricultura, avaliado pelas seguradoras em suas políticas de subscrição de riscos.

O objetivo é minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos, identificando a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. Recentemente o Zarc apontou que o plantio de milho fora da janela ideal em Mato Grosso oferecia risco de perda de 20%. No Estado, o cálculo dos produtores já chega a 10%.

“Os modelos das seguradoras incorporam o histórico de cada região, permitindo ajustes para manter o resultado operacional positivo. Afinal, o mutualismo é um princípio basilar do seguro. Significa dizer que grupos de pessoas expostas aos mesmos tipos de risco contribuem para a formação de um fundo comum administrado pelas seguradoras”, conclui Oliveira.

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