Mesmo liderando produção e exportação de muitos produtos, os atores do agro brasileiro ainda investem pouco no seguro rural na contramão de um mundo que vê cada vez mais como são rápidas a mudanças do clima. Dentre as grande potências, o Brasil foi o único em que área de cultivo coberta por seguro caiu nos últimos anos.
Porém, os extremos climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul, já fizeram alguns agricutlores perceberam que é o momento de virar a chave. É hora de encarar a realidade, pensar no futuro e qual legado os produtores querem deixar para os seus filhos.
Para o presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Joaquim Neto, acredita, com os prejuízos, principalmente financeiros, que marcaram o setor na temporada 2023/24, o cenário pode começar a mudar.
“Se os agricultores que não contratam seguro têm perdas com o clima e não conseguem pagar as dívidas, sua atuação acaba diminuindo na safra seguinte”, disse ao Globo Rural.
De acordo com ele, no ano passado, a arrecadação em prêmios de seguro agrícola foi de R$ 5,7 bilhões e a contribuição da subvenção federal foi de R$ 933 milhões.
“Para atender todo o universo de agricultores que contrataram o seguro rural nesta safra, a subvenção precisaria ser de R$ 1,7 bilhão. E se fosse possível atender também os agricultores que não contrataram seguro, que são esses que estão pedindo recuperação judicial, o gasto do governo seria muito menor. Então, o cenário atual pode servir para mudar a mentalidade tanto do produtor rural quanto do governo federal sobre o seguro”, explicou
Joaquim Neto acredita que para a próxima safra vá ocorrer uma sensibilização do governo para buscar mais recursos para o PSR e que produtores do Centro-Oeste que tiveram perdas vão começar a contratar mais seguro.
“Nós vamos estar em um período de (ação do fenômeno) La Niña, quando as perdas são maiores também nos estados que mais contratam seguro (Sul), então é possível que a contratação aumente. Mas se vier uma perda decorrente do La Niña, a sinistralidade e as indenizações também vão aumentar no ano que vem. Sobre o preço das apólices, existe a possibilidade de queda ainda neste ano. O histórico climático é pior durante os anos de La Niña. Em anos de influência do El Niño, como 2023/24, a condição de produção melhora um pouco, então é possível que os custos de aquisição de seguro diminuam um pouco ainda neste ano, já na comercialização da safra 2024/25”, concluiu.