Em reunião com representantes das Nações Unidas e dos governos dos países americanos, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, defendeu na quarta-feira, 16/3, que os fertilizantes sejam excluídos do regime de sanções, a exemplo do que ocorre com os alimentos. Em nota, ela disse que reprimir o comércio desses insumos afeta a produtividade do campo, reduz a disponibilidade de alimentos, reforça a tendência inflacionária das principais commodities e, como consequência, ameaça a segurança alimentar, especialmente dos países mais vulneráveis.
Temos que encontrar meios de evitar que medidas destinadas a punir comportamentos específicos, aplicadas por um grupo de países, acabem por afetar as cadeias alimentares mundiais. Não podemos, sob o pretexto de pressionar pela solução de um problema, criar um ainda maior, com o agravamento da situação da fome que, segundo estimativas da FAO, afeta mais de 800 milhões de pessoas no mundo”, afirmou Tereza Cristina, que preside a Junta Interamericana de Agricultura (JIA).
Segundo o Ministério, o tema será encaminhado para a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura (FAO). Ainda de acordo com a pasta, a ministra apresentou outras ações para que, de forma coordenada, seja possível mitigar os impactos negativos da atual crise de preços dos insumos, em especial de fertilizantes.
“Além de intensificar a pesquisa científica em busca de inovações tecnológicas que permitam fortalecer a eficiência e a sustentabilidade da agropecuária, Tereza Cristina sugeriu aumentar o intercâmbio de informações sobre os mercados agrícolas globais, ampliando, por exemplo, o escopo do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas do G-20 (o AMIS) e incluir dados sobre fertilizantes, o que representaria importante contribuição para a transparência e estabilidade dos mercados”, disse a nota.
No mesmo evento, dentro do tema fertilizantes, o secretário de Agricultura dos Estados Unidos da América, Tom Vilsack, defendeu esforços para a inovação, tecnologia e sustentabilidade para uma maior produção desse insumo.
“A invasão Russa está acelerando o aumento dos preços não só das commodities agrícolas como também de energia e metais, o que impacta a segurança alimentar de países menos desenvolvidos. Por isso, é importante fazermos o que pudermos para estimular planos maiores para as plantações nos próximos meses. Precisamos de mercados transparentes e compensação de preços para produzir. Isso é vital para reforçar os suprimentos, enviando um a mensagem para os produtores plantarem mais e mantendo o comércio global eficaz”, pontuou.
O encontro, realizado de forma virtual, também debateu as preocupações com a segurança alimentar diante do desafio de uma nova agenda global em agricultura. Tereza Cristina disse que, enquanto maior região exportadora líquida de alimentos, as Américas podem capitanear respostas coletivas e coordenadas a esses desafios.
Brazil Potash
A Brazil Potash disse na terça-feira, 15/3, que seus executivos se reuniram com Tereza Cristina, em Ottawa e discutiram elevar a capacidade planejada de 2,44 milhões de toneladas para mais de 5 milhões de toneladas por ano, no projeto em Autazes (AM). As informações são da Reuters.
O Ministério Público recomendou em 2016 a suspensão da licença da empresa em Autazes (AM), uma vez que a tribo indígena Mura não havia sido consultada, o que viola a Constituição do Brasil.
Se a empresa canadense conseguir expandir sua produção, o montante poderia cobrir quase metade da necessidade brasileira de potássio. No entanto, a empresa disse que levaria pelo menos três anos para entrar em operação assim que o licenciamento fosse obtido.
Fonte: Estadão Conteúdo com Reuters