Por André García
Cerca de R$ 15 bilhões por ano. Este é o valor do investimento necessário para o Brasil impedir que o déficit de armazenagem de grãos, estimado em 117 milhões de toneladas nesta safra, continue a aumentar. A afirmação é do presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Bertolini.
Na semana passada, ele participou do seminário Lide Agronegócios, em São Paulo, em que lembrou que o Plano Safra 2022/23 liberou R$ 5.13 bilhões de recursos pelo PCA, linha de crédito para investimento em armazéns do setor.
“Não vai chegar nem a isso, se continuarem os números atuais”, disse ele, mencionando que há concentração de recursos em alguns projetos. “Há também suspensão de linhas de crédito rural pelo BNDES que afetam a aplicação de investimentos pelo produtor”, disse.
O armazenamento também foi abordado recentemente pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, como noticiado pelo Gigante 163. Durante o anúncio de investimentos de R$ 2,7 bilhões em rodovias importantes para o escoamento da safra, ele disse que a questão também é considerada pelo Governo Federal e citou um exemplo de Mato Grosso.
“Quando falamos de safra recorde, de 310 milhões de toneladas, estamos falando de grãos, mas o agro produz muito mais que isso. Certamente passa de 1 bilhão, então esse número nos ajuda a dimensionar o impacto da infraestrutura no escoamento e armazenamento da safra”, disse Fávaro.
De acordo com a Reuters, Bertolini afirmou ainda que a armazenagem dentro da fazenda tem aumentado cerca de 1% ao ano, e somente a região Sudeste tem superávit. Todas as demais são deficitárias.
Vale destacar que o país estima uma colheita recorde de grãos para 2022/23, com aumento na produção de soja, levando o País a uma safra de verão maior que a capacidade de armazéns, pela primeira vez em 20 anos.
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