A Petrobras acredita que conseguirá vender o seu óleo diesel do tipo HVO a preço mais competitivo do que o biodiesel adicionado, atualmente, ao diesel fóssil para ser comercializado nos postos revendedores. O HVO é conhecido como a versão ‘verde’ do diesel da Petrobras, produzido a partir de óleos vegetais.
“Por ser um processo (de produção do HVO) mais complexo, há uma vantagem competitiva na matéria-prima, principalmente, se considerada a captura de carbono, maior do que a do biodiesel, em todo ciclo”, afirmou o Sandro Barreto, gerente geral de Marketing da estatal, durante evento virtual promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta terça-feira, 14/9.
O argumento é que, por conta da tecnologia adotada, a Petrobras pode escolher uma diversidade maior de matéria-prima, inclusive as mais baratas. A empresa testou a produção do HVO na sua refinaria do Paraná (Repar). Num primeiro momento, começou a gerar um combustível 95% e 5% ‘verde’, mas essa proporção pode ser ampliada, segundo Barreto.
A empresa tem reivindicado abertura regulatória para disputar mercado com os produtores de biodiesel, do agronegócio, que, no entanto, não reconhecem no HVO equivalência ao seu combustível.
Mesmo sendo renovável, seu processo produtivo ainda envolve insumos fósseis, entre eles o gás hidrogênio vindo do gás natural.
Tecnologia
O diesel renovável é produzido por meio do processamento de matéria-prima renovável, como óleo vegetal ou gorduras animais, em conjunto com o diesel mineral em unidades de processamento dentro de refinarias de petróleo.
O processo resulta em um produto quimicamente idêntico ao diesel mineral, com origem renovável, que é conhecido internacionalmente como Green Diesel (Diesel Verde), Renewable Diesel, Hydrotreated Vegetable Oil (HVO) ou Paraffinic Diesel (diesel parafínico renovável).
A Petrobras possui uma tecnologia brasileira patenteada desde 2006 para o coprocessamento de óleos vegetais utilizando o processo denominado “HBIO”. Essa tecnologia resulta num combustível mais estável que o biodiesel. Apesar de ainda não ser utilizado na mistura do diesel no Brasil, o diesel renovável possui ampla utilização em outros países da Europa e nos Estados Unidos. O novo combustível é adequado às tecnologias de motores mais modernas que estão sendo introduzidas no Brasil.
Polêmica
Na semana passada, a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) criticou a decisão tomada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de reduzir de 12% para 10% o percentual de mistura obrigatória do biodiesel ao diesel fóssil para o bimestre novembro-dezembro.
A entidade, entidade que representa 40% da produção de biodiesel, apontou como “consequências desastrosas” da decisão uma possível interrupção de investimentos para a construção de novas unidades industriais, redução de milhares de postos de trabalho, corte na oferta de farelo de soja e o consequente aumento no preço das rações animais e o rebate final no preço das proteínas ao consumidor em consequência do menor esmagamento de soja.
Para a Ubrabio, a redução do percentual também não se justifica porque a soja nos últimos dias tem sofrido redução de preço e a tendência é baixar ainda mais diante da possível antecipação da produção do Mato Grosso. Além disso, o preço do óleo de soja, principal matéria-prima, também está em queda no mercado internacional.
Fonte: Estadão Conteúdo + Petrobras + própria