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Práticas ecológicas reduzem taxas e ampliam carência em empréstimos

Práticas ecológicas reduzem taxas e ampliam carência em empréstimos

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Por André Garcia

Recuperação de solo, implantação de sistemas agroflorestais (SARs) e boas soluções para a irrigação e para o manejo de gado já garantem ao produtor benefícios em empréstimos rurais. Com a adoção de práticas sustentáveis, as propostas de crédito podem apresentar redução nas taxas de juros de até 1,5%.

A carência para o pagamento também pode ser estendida para mais que o dobro do período praticado pelo mercado, fazendo dos chamados arranjos produtivos locais um bom exemplo de lucratividade e boas práticas ambientais. O assessor de Desenvolvimento de Negócios Agro do Sicredi, Osvaldo Biazi, falou ao Gigante 163 sobre a viabilidade deste tipo de proposta.

“Os arranjos produtivos locais surgem a partir da organização dos produtores, da identificação da demanda, da aptidão da região e do produto. Junto ao produtor, nós buscamos entender as necessidades do grupo para procurarmos juntos uma solução. Isso também incentiva o trabalho comunitário”, conta Biazi.

Segundo ele, o momento é mais que oportuno para o produtor, que costuma alegar falta de recursos para implementar práticas mais sustentáveis em suas propriedades. A adesão tem sido alta. Só o Sicredi, ofereceu R$ 50,6 bilhões em recursos no Plano Safra este ano. O valor é 33% maior que o concedido no ano-safra anterior e deve resultar em 272 mil operações.

“Nestes casos, as taxas de juros praticadas pelo mercado caem em média 0,5%, mas podem chegar a 1,5%, a depender do projeto. O mesmo acontece com o prazo para o pagamento, que pode ter a carência estendida de 18 para 36 ou 42 meses, com repasses trimestrais, semestrais ou anuais”, diz.

Biazi reforça que benefícios financeiros estão ao alcance de qualquer produtor, sendo que 75% dos associados são pequenos produtores. “É preciso pensar na fazenda como um empreendimento, por mais simples que ela seja. Nisso está intrínseco o conceito da sustentabilidade.”

O Banco do Brasil também incentiva o aumento de produtividade conciliado a práticas de conservação de recursos naturais. A instituição oferece seis soluções ligadas ao tema: agricultura familiar, agricultura de baixa emissão de carbono (ABC), armazenagem, inovação e boas práticas, programa agro energia e BB Reflorestando o Brasil.

O mesmo ocorre com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que recentemente anunciou que está se preparando para se tornar um banco verde, ofertando novas linhas de crédito para projetos sustentáveis. Somente em 2021, dos R$ 4 bilhões de recursos destinados para projetos, 48% beneficiaram iniciativas sustentáveis.

“Para este tipo de crédito não basta a regularidade das documentações ambientais e fundiárias e apresentação de licenças ambientais, como já é estabelecido pela legislação, é preciso estruturar uma proposta”, afirma Biazi.

Oferta em alta

Uma pesquisa realizada pela consultoria internacional PwC Brasil, com 165 entidades brasileiras do setor de cooperativas de crédito, mostra que três em cada quatro cooperativas de crédito têm compromissos ESG, relacionados a ações ambientais, sociais e de governança, atrelados às suas estratégias.

A pecuária é o setor que mais tem usado os empréstimos de crédito rural, representando 40% do total, segundo levantamento da Iniciativa para o Uso da Terra (Input), fruto de uma parceria entre a Agroicone e o Climate Policy Initiative (CPI) no Brasil.

Com o recurso no bolso, os produtores precisam comprovar a devida aplicação do dinheiro, o que é feito por meio de visitas periódicas, realizadas por representantes do banco. De modo geral, são considerados fatores como boas práticas ambientais e sociais, incluindo o respeito à legislação trabalhista.

“Ele consegue programar a compra de insumos e a compra e venda de animais, considerando os melhores períodos de alta e baixa nos preços. Nosso objetivo é incentivar o empreendedorismo nas propriedades, por mais simples que elas sejam. Este conceito está intrinsecamente ligado à sustentabilidade”, diz.

Dentre os sistemas mais valorizados na produção agropecuária estão o plantio direto na palha, produção agroecológica, integração lavoura-pecuária-floresta, tratamento de dejetos na criação de animais, recuperação de reserva legal e áreas de preservação permanente, fixação biológica de nitrogênio, descarte adequado de embalagens de agrotóxicos, manejo integrado de pragas e doenças e uso de fontes renováveis de energia.

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