O consórcio Reg.IA, criado para impulsionar a agricultura regenerativa, apresentou na semana passada os resultados da primeira safra de seu projeto-piloto, destacando o potencial da soja e do milho sustentáveis. Mesmo com uma produção abaixo da meta inicial, os indicadores de produtividade e sustentabilidade são promissores.
As últimas colheitas da safra 2024-25 estão sendo finalizadas, e a estimativa é de que sejam colhidas 160 mil toneladas de soja e 300 mil toneladas de milho regenerativos. Embora o volume de soja seja inferior à meta de 200 mil toneladas, a produtividade foi superior ao esperado. As informações são da Reset
A produção ficou apenas 25% abaixo da meta, apesar de a área plantada ter sido 35% menor do que o projetado. O objetivo era atingir 50 mil hectares plantados, mas foram cultivados 37 mil hectares distribuídos em 38 fazendas.
De acordo com Charton Locks, diretor de operações da Produzindo Certo, a dificuldade ainda é convencer produtores a aderirem integralmente ao modelo, que exige investimentos iniciais. Ele ressalta que a iniciativa conta com fazendas que já adotam diversas práticas regenerativas e outras que estão no início da jornada.
“Isso significa o quê? Teve muita fazenda que o produtor não conseguiu se comprometer com um volume significativo da área dele para adotar as práticas. Mas ele falou: ‘para esse ano eu consigo colocar um talhão”, pontua.
O que é agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa é um sistema onde a produção agrícola acontece ao mesmo tempo que propicia condições para a recuperação da natureza. O sistema é descrito como um processo que melhora a saúde do solo e restaura o ambiente degradado, o que acaba contribuindo para a produtividade.
O modelo de produção adota princípios agrícolas que reabilitam os ecossistemas e preservam os recursos naturais, no lugar de esgotá-los. Na agricultura regenerativa, a saúde do solo é um parâmetro essencial que, simultaneamente, melhora a qualidade da água, da vegetação e da produtividade da terra.
Estoque de carbono
A agricultura regenerativa tem o potencial de capturar e estocar carbono no solo, um benefício ambiental que depende da adoção de práticas sustentáveis. No consórcio Reg.IA, os produtores adotaram o plantio direto como prática obrigatória, além de pelo menos uma das seguintes opções: adubação orgânica, uso de defensivos biológicos, redução de químicos ou rotação de culturas.
As análises mostraram que eles estocavam em média 73 toneladas de CO2 por hectare. Os melhores 10 produtores chegaram a uma média de 106 toneladas.
“Esse estoque traz outros benefícios em se tratando de agricultura regenerativa, de armazenamento de água e melhor suprimento de nutrientes, que trazem um bom desenvolvimento das plantas”, diz o professor Antonio Luis Santi, da Universidade de Santa Maria.
Menos insumo
Outro impacto positivo está na redução do uso de insumos. As análises de solo indicaram uma diminuição da aplicação de calcário em 92% das áreas, de potássio em 21% e de fósforo em 46%. Isso reduz significativamente os custos de produção, que podem superar 30% do orçamento em algumas regiões.
Thalita Tessmann, produtora na Fazenda Tambordense, relatou uma economia de 80% com adubo, além de ganhos em produtividade. Segundo ela, as práticas regenerativas também tornam as lavouras mais resilientes às mudanças climáticas. “Ganhamos com economia de insumos, mas também com aumento de produtividade”, diz.
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