Por André Garcia
Continuam paradas as negociações de soja no País, principalmente por conta da queda nos contratos futuros negociados em Chicago na quarta-feira,17/1. De acordo com levantamento da T&F Consultoria Agroeconômica, a referência de preço no Porto de Paranaguá (PR) é R$ 120 a saca, com queda de R$ 1. No interior, o valor médio é R$ 115 a saca.
Diante da situação, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro, afirmou ontem que o Governo Federal está estruturando uma medida para prorrogar as parcelas de investimentos rurais com vencimento em 2024 por conta da esperada quebra na safra de grãos, decorrente do clima adverso.
“Temos que estar atentos para não deixar os produtores inseguros. Estamos estruturando uma medida para prorrogar todos os investimentos que vencem em 2024 para os produtores terem fôlego”, afirmou o ministro em entrevista concedida a uma rádio de Mato Grosso.
Nesta semana, representantes do agronegócio do Estado, o mais importante produtor do País, já haviam pedido ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, ações emergenciais para minimizar os impactos da quebra da safra de grãos de 2023/24, provocada pela estiagem e altas temperaturas.
“De imediato vamos buscar linha de crédito com o BNDES a 7% (mais taxa cambial) e pagamento em três anos para custeio”, disse Geller a entidades do setor produtivo, durante reunião realizada na terça-feira, 15/1, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
Foto: Ascom Famato
Prorrogação
A prorrogação dos financiamentos deve gerar custos ao Tesouro Nacional em função das linhas subsidiadas do Plano Safra. O ministro, porém, não estimou o tamanho dos gastos. Com dificuldades de conseguir recursos extras, a medida pode sacrificar o orçamento reservado à equalização de juros de novas operações de crédito rural.
Segundo o Globo Rural, o valor total das parcelas de investimentos com vencimento em 2024 e que potencialmente precisariam de prorrogação seria próximo de R$ 20 bilhões. O montante considera a somatória das operações contratadas na Safra 2022/23, que já cumpriram a carência de 12 meses, e os financiamentos feitos em anos anteriores.
A estimativa se baseia no montante contratado para investimentos nos últimos anos por agricultores e pecuaristas do Centro-Oeste — principal região produtora do País e a mais afetada pela falta de chuvas nesta temporada — disponíveis no sistema do Banco Central.
Queda na produtividade
Outra consultoria, a EarthDaily Agro apontou ontem que produtividade da soja no Mato Grosso será em média 52,12 sacas por hectare, mais de 10 sacas abaixo da registrada na última temporada. A produtividade está estimada em 15% abaixo da tendência. O pior resultado foi em 2016, quando a queda foi de 13%.
De acordo com publicação do Notícias Agrícolas, em Goiás, outro grande Estado produtor do Centro-Oeste, a produtividade da soja está projetada 7% abaixo da tendência dos últimos 15 anos. O pior resultado ocorreu em 2015, quando ficou 19% abaixo da tendência.
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